CartaCapital
Caso encerrado?
A PF apresenta os mandantes do assassinato de Marielle, mas ainda deve fazer uma devassa no “ecossistema criminoso” do Rio de janeiro
“Espero que avance muito mais. Ainda não tem a história completa, a motivação não está clara. Então, ainda não fechou.” As palavras de Ágatha Arnaus, viúva do motorista Anderson Gomes, resumem o sentimento dos familiares das vítimas – e de boa parte do Brasil – quanto ao desfecho das investigações sobre as mortes de seu marido e da vereadora Marielle Franco. A conclusão do caso foi anunciada no domingo 24 pelo Ministério da Justiça, cinco dias após a delação premiada do sicário Ronnie Lessa ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal e seis anos depois do crime. A possibilidade de que as investigações ainda não tenham chegado ao fim gera, porém, muita expectativa, sobretudo após a confirmação da participação de peixes graúdos na trama criminosa.
Identificados pela Polícia Federal como “autores intelectuais” do duplo homicídio, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e deputado federal pelo União Brasil, respectivamente, gozam de grande prestígio na política fluminense. Já o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, acusado de participação no crime e de posterior sabotagem do inquérito, é conhecido por seu trânsito e diálogo com diversas forças políticas do estado. Com os três em presídios separados por determinação do STF, não será surpresa se novos elementos ou delações ganharem a luz do dia: “O inquérito tem 470 páginas e muito provavelmente vão se abrir outros flancos. Esse crime esbarra em vários outros e expõe uma cena criminosa muito profunda e enraizada nas instituições do Rio de Janeiro”, afirma a jornalista Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado que matou Marielle e Anderson.
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