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Jogadores expatriados

Os mundiais de clubes têm evoluído na proporção direta da perda de qualidade dos mundiais de seleções

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Pênalti. Cristiano Ronaldo foi assunto da semana após a eliminação do Al-Nassr – Imagem: Fayez Nureldine/AFP
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Uma das notícias mais comentadas do futebol esta semana envolve o craque português ­Cristiano Ronaldo. Em um vídeo gravado durante a Paris Fashion Week e vazado na internet, sua mulher, ­Georgina ­Rodríguez, afirma que ele deve jogar mais um ano, no máximo dois.

A fala surge na esteira da eliminação do Al-Nassr, time do jogador, nas quartas de final da Champions da Ásia, após derrota para o Al-Ain, dos Emirados Árabes.

Na partida realizada na segunda-feira 11 no Al-Awwal Stadium, na Arábia Saudita, Cristiano Ronaldo errou um pênalti decisivo e seu time perdeu a chance de disputar o Mundial de Clubes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) marcado para 2025.

As críticas ao desempenho do jogador nessa partida revelaram-se impiedosas e correram o mundo celeremente.

Mas o resultado, para além de expor o desempenho de Cristiano Ronaldo, revela algo que, vez por outra, tenho discutido neste espaço: as consequências da transformação do futebol em bilionário negócio global para os atletas e os jogos em si. Os mundiais de clubes, a meu ver, evoluíram na proporção direta da perda de qualidade dos mundiais de seleções.

Os selecionados nacionais foram atropelados pelos calendários dos países que, com jogadores espalhados pelo mundo e muitas nacionalizações, não mais dispõem de tempo para treinos e jogos amistosos. Isso leva, inevitavelmente, à perda de qualidade dos conjuntos

Dentro desse contexto, a tendência é mesmo que se faça um mundial de clubes com esse formato proposto pela Fifa, a ser realizado nos Estados Unidos, entre os dias 15 de junho e 13 de julho de 2025. O torneio terá a participação de campeões continentais e outros times classificados por meio de um ranking. O limite é de dois representantes por país.

É claro que ainda têm grande valor os mundiais de seleções, nos quais se apresenta a maioria dos grandes craques. No entanto, é cada vez maior o risco de ficarem de fora nomes de expressão máxima, que, comprados por diferentes países, mudam seus passaportes.

Na última Copa, em matéria de futebol bem jogado, o que mais me agradou foi a seleção de Marrocos, país com times que vêm destacando-se nos campeonatos internacionais dos quais participam. Em todos os cantos – e guardadas as devidas proporções –, vemos acontecer fenômenos semelhantes.

Em São Paulo, o Água Santa e outros times vêm dando o que falar, jogando de igual para igual com os “grandes” – esses sempre em dificuldades para compor e dar estabilidade aos seus times.

No Rio de Janeiro, o Nova Iguaçu vem causando espanto pela excelente qualidade­ de seu futebol. A equipe está classificada para as finais do Campeonato Carioca – torneio do qual o Botafogo está fora.

No início do Campeonato Carioca, exaltamos por aqui a surpreendente atuação do Nova Iguaçu, que apresenta sintonia entre suas linhas, com uma autoconfiança admirável por parte dos excelentes jogadores do time. Na quarta-feira 13, no entanto, o time perdeu para o Internacional, por 2 a 0, no Mané Garrincha, em Brasília, e ficou sem a vaga para a terceira fase da Copa do Brasil.

Outra novidade da semana no futebol foi a intimação do “dono” do Botafogo pelas declarações sobre irregularidades nas arbitragens brasileiras. John ­Textor, dono da SAF, diz possuir um ­dossiê­ de empresa especializada em investigar esses fatos no âmbito esportivo e que levará o documento para o Ministério Público – ou seja, para fora do ambiente das federações e confederação.

Causou mobilização também a derrota da Seleção Brasileira feminina para os Estados Unidos. Trata-se de uma equipe em reestruturação, que precisa amadurecer mais até os Jogos Olímpicos.

Há ainda uma grande expectativa em torno dos amistosos da Seleção masculina. Dorival Júnior começa seu período à frente do grupo enfrentando, em poucos dias, dois adversários de primeira linha – Espanha e Inglaterra. •

Publicado na edição n° 1302 de CartaCapital, em 20 de março de 2024.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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