Política
Antibolsonarismo supera o antipetismo no Brasil, diz pesquisa Atlas
Política foi apontada como o principal ponto de conflito social no País


Uma pesquisa do instituto Atlas Intel, divulgada nesta sexta-feira 8, mostra que o antibolsonarismo supera o antipetismo no País.
No levantamento, a maior parte dos entrevistados se diz petista (31,2%) ou antibolsonarista (16,5%), enquanto 32% dizem ser bolsonaristas e apenas 8,6% antipetistas.
Além disso, 11,4% dos entrevistados disseram que não se enquadravam em nenhuma dessas opções e apenas 0,2% responderam que não sabiam. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Os resultados mostram que o sentimento antipetista explorado pela direita desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e usado para eleger Jair Bolsonaro (PL), hoje, é menor do que os que rejeitam o movimento partidário defendido pelo ex-capitão.
Polarização política
A pesquisa mostrou ainda que a polarização política é avaliada como o principal ponto de conflito no País. Ao menos 53% dos brasileiros classificaram como “muito forte” a polarização entre pessoas que apoiam partidos diferentes.
Na sequência foram elencados como muito conflituosas as relações entre pessoas que praticam religiões diferentes, apontado por 42% dos entrevistados, a diferença entre pessoas de classes econômicas distintas (39%), seguido por diferenças raciais (30%) e entre pessoas de áreas urbanas e os que vivem no campo (35%).
Para os entrevistados, o índice da polarização social atingiu 67%, marca classificada como alerta pela pesquisa.
Entre os que mais sentem a polarização política estão as pessoas mais jovens, entre 16 e 34 anos. Nesse grupo, ao menos 68,6% dos entrevistados apontaram como “muito forte” o conflito entre pessoas que apoiam partidos diferentes.
A situação de divisão política do País também é mais sentida entre aqueles que possuem o ensino médio (60,4%).
Entrevistados que se identificam como LGBTQ+ também apontaram a polarização política como um conflito “muito forte” da sociedade brasileira.
Os beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, também citaram o mesmo cenário. Para 70,1% dos entrevistados beneficiários, as diferenças políticas apresentam conflitos “muito forte”. Para o grupo, a diferença econômica entre as pessoas também é um ponto de forte conflito, elencada por 64,7% dos entrevistados.
O conflito étnico é mais sentido também entre a população LGBTQ+ (52,4%), e entre os beneficiários do Bolsa Família (67,6%).
Metodologia
O levantamento seguiu uma metodologia intitulada Atlas Random Digital Recruitment, ou RDR, segundo a qual os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs).
O instituto diz que, a fim de garantir a representatividade nacional, as amostras são pós-estratificadas usando um algoritmo em um conjunto mínimo de variáveis de destino: sexo, faixa etária, nível educacional, nível de renda, região e comportamento eleitoral anterior.
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