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Conflito Israel-Hamas: discussões por cessar-fogo não avançam em terceiro dia de negociações no Cairo

Um responsável do Hamas disse terça-feira que o processo de negociações com Israel para uma trégua em Gaza “não ficará aberto indefinidamente”

Conflito Israel-Hamas: discussões por cessar-fogo não avançam em terceiro dia de negociações no Cairo
Conflito Israel-Hamas: discussões por cessar-fogo não avançam em terceiro dia de negociações no Cairo
Foto: Israeli Army / AFP
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O presidente dos EUA, Joe Biden, fez um apelo na terça-feira (5) ao Hamas para que aceite um cessar-fogo na Faixa de Gaza, antes do Ramadã, para resolver as difíceis negociações travadas pelos mediadores que tentam alcançar uma trégua entre Israel e o movimento islâmico palestino. Um responsável do Hamas respondeu que o processo de negociações com Israel “não ficará aberto indefinidamente” e insistiu na retirada do Exército israelense do enclave. As negociações no Cairo para obter uma trégua no conflito continuam pelo terceiro dia consecutivo.

Joe Biden disse terça-feira que “é necessário um cessar-fogo” em Gaza antes do início do Ramadã, ao mesmo tempo que mantém a pressão sobre Israel para permitir a entrada de mais ajuda humanitária no enclave ameaçado pela fome.

O presidente americano afirmou que a situação se tornaria “muito perigosa” em Israel e particularmente em Jerusalém, se as hostilidades continuassem durante o mês sagrado do Islã, que começa em 10 ou 11 de março.

“Está nas mãos do Hamas”, disse o presidente americano durante uma breve conversa com a imprensa, em Camp David, antes de embarcar em seu avião para voltar a Washington.

Ele acrescentou que “os israelenses cooperaram” e que estava sobre a mesa uma proposta “razoável” para permitir a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos, acompanhada de uma trégua nos combates.

“Devemos levar mais ajuda para Gaza, não há desculpas”, reiterou também Joe Biden terça-feira a Israel. “Estou trabalhando muito” com as autoridades israelenses, voltou a dizer o presidente norte-americano. Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelense, se encontra atualmente em Washington.

O centrista, grande rival do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não se encontrou com Joe Biden, mas se reuniu na segunda-feira (4) com seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, e com a vice-presidente Kamala Harris, antes de se reunir terça-feira com o líder da diplomacia Antony Blinken.

Surto de violência no Ramadã

“Tivemos uma boa reunião”, comentou apenas Benny Gantz ao deixar o Departamento de Estado. “Temos uma oportunidade (de alcançar) um cessar-fogo imediato que poderá trazer reféns para casa, permitir um aumento significativo da ajuda humanitária aos palestinos que dela necessitam tão desesperadamente, e que poderá criar também as condições para uma resolução duradoura” do conflito, disse Antony Blinken na terça-feira durante uma reunião com o primeiro-ministro do Catar em Washington.

“Cabe ao Hamas decidir se está pronto para apoiar este cessar-fogo”, acrescentou.

Mediadores egípcios, americanos e catarianos tentaram na terça-feira no Cairo obter um acordo dos dois campos antes do início do mês de jejum.

Washington está preocupado com um possível surto de violência durante o Ramadã. O governo israelense anunciou nesta terça-feira que vai autorizar o acesso à esplanada das Mesquitas como nos “anos anteriores”.

Os Estados Unidos fizeram apelos a Israel para garantir o acesso à mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, para os fiéis muçulmanos. Os americanos, principais aliados de Israel, também levantaram a sua voz nos últimos dias face à situação humanitária cada vez mais catastrófica na Faixa de Gaza.

Negociações “não ficarão abertas indefinidamente”

Um responsável do Hamas disse terça-feira que o processo de negociações com Israel para uma trégua em Gaza “não ficará aberto indefinidamente”.

“Não permitiremos que o caminho das negociações fique aberto indefinidamente enquanto a agressão e a fome organizada contra o nosso povo continuarem”, disse Osama Hamdan numa coletiva de imprensa em Beirute.

“O inimigo não obterá através da mesa de negociações o que não conseguiu obter no campo de batalha”, continuou Hamdane.

“A segurança e a proteção do nosso povo só serão garantidas com um cessar-fogo permanente, o fim da agressão e uma retirada de cada centímetro quadrado da Faixa de Gaza, (…) nenhum processo de troca de reféns não pode ocorrer antes”, insistiu.

No âmbito das negociações, o Hamas exige, em particular, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, o regresso dos deslocados de Gaza ao norte deste território e a entrada de ajuda humanitária para a população ameaçada de fome no território palestino sitiado, de acordo com uma fonte próxima ao movimento islâmico palestino.

(Com AFP)

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