Política

Discurso de Bolsonaro na Paulista será usado como prova em inquérito sobre trama golpista, diz jornal

Ao jornal O Globo, investigadores confirmaram que trecho em que o ex-capitão cita a minuta golpista constará no relatório de apuração sobre a tentativa de golpe de Estado

Discurso de Bolsonaro na Paulista será usado como prova em inquérito sobre trama golpista, diz jornal
Discurso de Bolsonaro na Paulista será usado como prova em inquérito sobre trama golpista, diz jornal
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
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O discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em ato realizado na Avenida Paulista neste domingo 25 deverá render uma nova prova da trama golpista articulada na gestão anterior. A avaliação foi feito por parte de investigadores da Polícia Federal ao blog da jornalista Malu Gaspar, no jornal O Globo, nesta segunda-feira 26.

Segundo os agentes, o trecho em que Bolsonaro fornece uma explicação para a chamada minuta golpista passou a pesar contra o ex-capitão, já que seria uma nova confirmação de que ele teria acesso e conhecimento sobre o conteúdo do documento apreendido na casa do ex-ministro Anderson Torres. A transcrição do momento será incluída no relatório do caso, informaram os investigadores à publicação.

No discurso, Bolsonaro alega que a minuta do golpe seria constitucional, por prever um Estado de Defesa com amparo dos conselhos da República e da Defesa.

“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”, afirmou Bolsonaro no carro de som.

O ex-capitão então prossegue: “Deixo claro que Estado de Sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o Estado de Sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do Estado de Sítio”.

O trecho, como se vê, reforça o conhecimento do ex-presidente sobre o conteúdo do documento encontrado pelos policiais com o ex-ministro.

No papel constava o decreto de um Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral, que serviria para anular o resultado das urnas, que deu vitória ao presidente Lula no pleito em 2022. A ideia, descrevia a minuta, era “garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022”.

O discurso, avaliam os agentes, também seria uma confissão por parte de Bolsonaro sobre a existência da minuta.


O advogado e professor de Direito Constitucional Pedro Serrano comenta as possíveis consequências do discurso realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a seus apoiadores. Confira a análise no canal de CartaCapital no YouTube.

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