Mundo
Detentos escapam de prisão sob controle de militares no Equador
Autoridades perceberam a fuga durante o controle diário de segurança realizado por militares, policiais e guardas penitenciários


Três detentos fugiram da prisão de Latacunga, no centro andino do Equador, que está sob controle militar e havia recebido a visita de um grupo de jornalistas na véspera, informaram as forças armadas nesta sexta-feira 23.
Na madrugada de ontem, “detectou-se a fuga de três presos do Centro de Privação de Liberdade Cotopaxi”, também conhecido como Latacunga, indicou o Comando Conjunto das Forças Armadas em comunicado.
O órgão acrescentou que a fuga foi percebida durante o controle diário de segurança realizado por militares, policiais e guardas penitenciários. A prisão tem capacidade para cerca de 4.900 pessoas e uma ocupação de quase 4.300.
As forças de segurança e o órgão encarregado de administrar as prisões, o SNAI, “acionaram os protocolos de investigação e buscas para a localização e recaptura”.
Um grupo de jornalistas visitou ontem a prisão, de 17 hectares. Protegida por cerca de 1.500 militares, a penitenciária guarda as marcas da violência e dos privilégios de que gozavam os chefes de facções criminosas. Entre vidros e paredes marcadas por impactos de bala, há resquícios de luxos antigos, como jacuzzis e até uma boate.
Situado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador era um país tranquilo, mas a violência ligada ao narcotráfico fez os homicídios se multiplicarem, passando de 6 para cada 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 46 em 2023.
Atrás das grades, as chacinas se tornaram frequentes. Desde fevereiro de 2021, cerca de 460 presos foram assassinados.
Em janeiro, a fuga de uma prisão de Guayaquil do chefe de uma temida facção foi o estopim de uma investida do narcotráfico. A escalada da violência levou o presidente Daniel Noboa a declarar “um conflito armado interno” para mobilizar a força militar nas ruas e nas prisões.
A presença de militares nas ruas reduziu a taxa de homicídios de 28 casos diários na primeira semana de janeiro para 11 depois de duas semanas, segundo dados oficiais.
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