Política
MP aponta esquema de corrupção na limpeza urbana em prefeitura de SC; entenda
Dezoito prefeitos do estado já foram presos, incluindo Ari Bagúio, de Ponta Alta do Norte; defesa nega irregularidade


Desde que o Ministério Público começou a investigar supostos casos de corrupção e fraudes em licitações em diversos municípios de Santa Catarina, 18 prefeitos, majoritariamente de siglas da direita, foram presos.
Na lista, destacam-se cinco nomes do MDB, quatro do PL – partido do ex-presidente Jair Bolsonaro – e quatro do PP.
Um caso recente, com a prisão de Ari Bagúio (PL), prefeito de Ponta Alta do Norte, decorre de uma operação conhecida como Limpeza Urbana. Esta, por sua vez, é um desdobramento da Operação Mensageiro, deflagrada em 2022.
Os investigadores apontam um suposto esquema de corrupção que envolveria a contratação de serviços de limpeza urbana.
No caso de Ponte Alta do Norte, a suspeita é de movimentação de até 100 mil reais em pagamentos irregulares aos investigados.
A denúncia apresentada pelo MP detalhou o funcionamento dos atos ilegais: prestadores de serviços que tinham interesse em trabalhar no programa de limpeza urbana do município (conhecido como Cidade Bonita) seriam obrigados a criar empresas e a contratar escritórios de contabilidade ligados aos investigados.
Além disso, os escolhidos deveriam repassar 10% dos valores recebidos da prefeitura aos escritórios de contabilidade. A investigação também aponta que a orientação para os prestadores partiria do próprio Ari Bagúio e do secretário Antônio Brocardo.
O MP chegou a apontar os valores normalmente cobrados, que ficariam entre 195 e 200 reais ao mês, ou cerca de 10% dos rendimentos dos prestadores de serviços. O órgão também frisou que a atividade era executada “notadamente por prestadores de serviços braçais e pessoas humildes”.
Os advogados de Bagúio negam qualquer irregularidade. “Eles não praticaram nenhum ilícito penal, tanto que até hoje ainda não existe ação penal, não houve denúncia formalizada pelo MP”, diz a defesa, responsável também pela representação de Antônio Brocardo e dos dois filhos do mandatário, Brayan Jackson Wolinger e Hyago Heron Wolinger.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.