Mundo
Mais de 100 pessoas são detidas na França por protestos agrícolas
Agricultores pedem auxílios de emergência e acusam a UE e as importações de fora do bloco de serem responsáveis pela crise do setor


A polícia francesa deteve 106 manifestantes, nesta quarta-feira 31, perto de Paris, no contexto dos protestos de agricultores que sacodem o país.
À tarde, 91 deles foram presos durante uma “tentativa de invasão” no mercado atacadista de Rungis, o maior do mundo, que foi “rapidamente” evitada. Os detidos “serão colocados sob custódia policial”, disse o chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, em coletiva de imprensa.
Um balanço anterior, informado à AFP por uma fonte policial, havia indicado 79 detidos após vários manifestantes “entrarem a pé brevemente em uma área de armazenamento” onde “provocaram destruição” e depois foram expulsos.
Horas antes, outras 15 pessoas já haviam sido presas nas imediações de Rungis, o mercado de produtos in natura crucial para o abastecimento de frutas e verduras da capital francesa.
Há vários dias, a França vive uma onda de protestos de agricultores, que pedem auxílios de emergência e acusam a União Europeia e as importações de países de fora do bloco de serem responsáveis pela crise do setor.
Até as 16h50 locais (12h50 em Brasília), dezenas de agricultores, entre eles alguns integrantes do sindicato Coordenação Rural, haviam chegado aos armazéns de Rungis, segundo um jornalista da AFP.
“Tínhamos decidido ocupar Rungis e ocupamos Rungis”, disse à AFP Serge Bousquet-Cassagne, presidente da Câmara de Agricultura do departamento de Lot-et-Garonne, no sudoeste do país.
Um comboio de 200 a 300 tratores partiu na segunda-feira do sudoeste da França rumo ao norte.
De acordo com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, havia nesta quarta-feira mais de 100 pontos de bloqueio e cerca de 10.000 manifestantes em todo o país.
Os protestos afetam outros países europeus, como Alemanha, Polônia, Romênia, Bélgica e Itália. Na terça-feira, os sindicatos agrícolas espanhóis anunciaram que se juntarão ao movimento.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.