Sociedade
Após declaração, bancários querem retratação de Scolari
Técnico da seleção brasileira declarou que se o jogador não quiser pressão, “é melhor ir trabalhar no Banco do Brasil”


Antes mesmo de comandar o primeiro jogo da seleção brasileira, o técnico Luiz Felipe Scolari já causa polêmica e reações extra-campo. Nesta quinta-feira 29, Felipão disse em entrevista coletiva que “se (o jogador) não quer pressão, então é melhor não jogar na seleção. É melhor ir trabalhar no Banco do Brasil ou em um escritório”.
A declaração incomodou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o Sindicato dos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Por meio de nota, as entidades reclamaram à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) dizendo terem sido desrespeitadas. Elas pedem uma retratação de Felipão.
O Banco do Brasil, citado na fala do treinador, também se manifestou por meio de nota à imprensa. Nela, a empresa deseja boa sorte a Luiz Felipe Scolari em seu “novo desafio à frente da seleção”, mas lamenta o “comentário infeliz do treinador”.
Confira na íntegra a carta da Contraf-CUT:
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia a declaração do técnico Luis Felipe Scolari sobre o trabalho dos bancários do Banco do Brasil, feita na entrevista coletiva desta quinta-feira 29, no Rio de Janeiro, ao reassumir o posto de treinador da Seleção Brasileira.
Ao afirmar que, “se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada”, Felipão não apenas desrespeita os trabalhadores bancários, como demonstra total desconhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional.
Cerca de 1.200 bancários são afastados do trabalho mensalmente, por razões de saúde, vítimas do assédio moral e da pressão violenta para que cumpram as metas abusivas de produção e vendas impostas pelas instituições financeiras, inclusive o Banco do Brasil.
Luis Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos.
Veja a íntegra do comunicado do Sindicato dos dos Bancários de São Paulo, Osasco e região:
Ao técnico da Seleção Brasileira de Futebol Luiz Felipe Scolari,
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região vem por meio desta expressar sua indignação diante da manifestação feita pelo senhor, como técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Ao dizer que “se não quer pressão é melhor não jogar na seleção, vão trabalhar no Banco do Brasil, num escritório”, demonstrou total desconhecimento de causa. Os bancários e o Sindicato sentiram-se desrespeitados pela sua frase, que de forma alguma espelha a realidade do setor, e esperam sua retratação.
Convidamos o senhor a conhecer o trabalho bancário, os funcionários do Banco do Brasil, as agências com longas filas, o ritmo alucinante que faz parte do cotidiano dos trabalhadores de instituições financeiras no nosso país.
Os bancários do BB, como os de todos os outros bancos no país, estão entre as categorias que mais adoecem, atingindo níveis epidêmicos, em função da pressão e do assédio moral que sofrem nas agências e departamentos das instituições financeiras. O modo de gestão dos bancos, que cobra metas abusivas para a venda de produtos e serviços, causa aos trabalhadores do setor doenças como depressão, estresse, síndrome do pânico. Assediados moralmente com a possibilidade de demissão caso não atinjam essas metas, muitos padecem porque precisam do emprego para sobreviver.
O Sindicato mantém luta cotidiana incessante para mudar esse quadro. Inclusive renovou esta semana um acordo com os bancos no sentido de combater o assédio moral que resulta de toda essa pressão.
Encerramos, desejando ao senhor técnico, sorte à frente da seleção e bom desempenho a todos os profissionais na Copa de 2014, trazendo à nação todo orgulho que o Brasil merece.
Antes mesmo de comandar o primeiro jogo da seleção brasileira, o técnico Luiz Felipe Scolari já causa polêmica e reações extra-campo. Nesta quinta-feira 29, Felipão disse em entrevista coletiva que “se (o jogador) não quer pressão, então é melhor não jogar na seleção. É melhor ir trabalhar no Banco do Brasil ou em um escritório”.
A declaração incomodou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o Sindicato dos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Por meio de nota, as entidades reclamaram à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) dizendo terem sido desrespeitadas. Elas pedem uma retratação de Felipão.
O Banco do Brasil, citado na fala do treinador, também se manifestou por meio de nota à imprensa. Nela, a empresa deseja boa sorte a Luiz Felipe Scolari em seu “novo desafio à frente da seleção”, mas lamenta o “comentário infeliz do treinador”.
Confira na íntegra a carta da Contraf-CUT:
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia a declaração do técnico Luis Felipe Scolari sobre o trabalho dos bancários do Banco do Brasil, feita na entrevista coletiva desta quinta-feira 29, no Rio de Janeiro, ao reassumir o posto de treinador da Seleção Brasileira.
Ao afirmar que, “se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada”, Felipão não apenas desrespeita os trabalhadores bancários, como demonstra total desconhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional.
Cerca de 1.200 bancários são afastados do trabalho mensalmente, por razões de saúde, vítimas do assédio moral e da pressão violenta para que cumpram as metas abusivas de produção e vendas impostas pelas instituições financeiras, inclusive o Banco do Brasil.
Luis Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos.
Veja a íntegra do comunicado do Sindicato dos dos Bancários de São Paulo, Osasco e região:
Ao técnico da Seleção Brasileira de Futebol Luiz Felipe Scolari,
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região vem por meio desta expressar sua indignação diante da manifestação feita pelo senhor, como técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Ao dizer que “se não quer pressão é melhor não jogar na seleção, vão trabalhar no Banco do Brasil, num escritório”, demonstrou total desconhecimento de causa. Os bancários e o Sindicato sentiram-se desrespeitados pela sua frase, que de forma alguma espelha a realidade do setor, e esperam sua retratação.
Convidamos o senhor a conhecer o trabalho bancário, os funcionários do Banco do Brasil, as agências com longas filas, o ritmo alucinante que faz parte do cotidiano dos trabalhadores de instituições financeiras no nosso país.
Os bancários do BB, como os de todos os outros bancos no país, estão entre as categorias que mais adoecem, atingindo níveis epidêmicos, em função da pressão e do assédio moral que sofrem nas agências e departamentos das instituições financeiras. O modo de gestão dos bancos, que cobra metas abusivas para a venda de produtos e serviços, causa aos trabalhadores do setor doenças como depressão, estresse, síndrome do pânico. Assediados moralmente com a possibilidade de demissão caso não atinjam essas metas, muitos padecem porque precisam do emprego para sobreviver.
O Sindicato mantém luta cotidiana incessante para mudar esse quadro. Inclusive renovou esta semana um acordo com os bancos no sentido de combater o assédio moral que resulta de toda essa pressão.
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