Sociedade
Mino Carta: A história do trabalhador está sendo esquecida
Diretor de redação de CartaCapital afirma que imprensa ignora questões trabalhistas, mas vê internet como caminho novo e revolucionário
Quase trinta anos depois do fim da ditadura, ainda falta ao Brasil alcançar uma democracia verdadeira. A avaliação feita pelo jornalista Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital, no 2º Encontro de Comunicação Sindical, é que essa situação se reflete na mídia do País. Enquanto isso, diz ele, o trabalhador permanece subrepresentado na cobertura da imprensa local. “A história do trabalhador está sendo esquecida”, afirmou ele na palestra “Mídia Atual Brasileira”, na sede da Força Sindical, em São Paulo.
A web, segundo o jornalista, pode ser uma força fundamental para inverter esse cenário. “A internet é um caminho novo e revolucionário”, aponta. Para Carta, há espaços que a mídia tradicional não consegue alcançar. Nesse nicho, a comunicação sindical pode ganhar força. “A grande mídia não está preocupada em criar sites”, alerta.
Também presente no evento organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), João Guilherme Vargas Netto, apontou para a possiblidade de se criar um Observatório Metalúrgico, veículo que centralizaria a comunicação ligada à atividade dos sindicatos e que refletisse, portanto, a realidade dos trabalhadores.
Netto disse que a comunicação intrasindical – isto é, do sindicato para seus filiados – é uma das melhores do mundo. O problema é a difusão de informações entre sindicatos e a sociedade de uma maneira geral. “A grande mídia desconhece o tema ‘trabalhador’ e ataca as ações da classe trabalhadora”, disse.
Para Carta, no entanto, um órgão de imprensa voltado ao sindicalismo exclusivamente seria desnecessário em um cenário de igualdade de representatividade dos setores. Esse setor estaria incluído nas pautas diárias dos jornais, como ocorre em veículos de outros países.
Casa Grande
Na palestra, Carla afirmou ainda que os três séculos e meio de escravidão foram a pior desgraça que o Brasil já viveu. “Vivemos a prepotência inesgotável dos herdeiros da casa grande”, diz.
A regulação midiática só não ocorre, afirma, porque a maior parte dos Congressistas é dona de canais de comunicação. “Quem detém o poder se esbalda nele. E eventualmente se suja”.
Enquanto o trabalhador não tem espaço, os políticos ocupam boa parte dos jornais. Para Carta, mesmo os governantes atuais, no fundo, bajulam a mídia. “Querem uma entrevista nas páginas amarelas da Veja, aquelas que eu inventei”, brinca.
Além de antidemocrática, a mídia brasileira é de má qualidade, segundo ele. Ao importar o modelo de jornalismo americano – textos curtos, objetivos e que colocam as informações importantes nos primeiros parágrafos – o Brasil falhou e acabou copiando errado. “Estamos muito atrasados em termos de jornalismo. Somos muito provincianos e não sabemos copiar”, diz. As soluções para esse cenário surgirão com o amadurecimento do país.
Quase trinta anos depois do fim da ditadura, ainda falta ao Brasil alcançar uma democracia verdadeira. A avaliação feita pelo jornalista Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital, no 2º Encontro de Comunicação Sindical, é que essa situação se reflete na mídia do País. Enquanto isso, diz ele, o trabalhador permanece subrepresentado na cobertura da imprensa local. “A história do trabalhador está sendo esquecida”, afirmou ele na palestra “Mídia Atual Brasileira”, na sede da Força Sindical, em São Paulo.
A web, segundo o jornalista, pode ser uma força fundamental para inverter esse cenário. “A internet é um caminho novo e revolucionário”, aponta. Para Carta, há espaços que a mídia tradicional não consegue alcançar. Nesse nicho, a comunicação sindical pode ganhar força. “A grande mídia não está preocupada em criar sites”, alerta.
Também presente no evento organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), João Guilherme Vargas Netto, apontou para a possiblidade de se criar um Observatório Metalúrgico, veículo que centralizaria a comunicação ligada à atividade dos sindicatos e que refletisse, portanto, a realidade dos trabalhadores.
Netto disse que a comunicação intrasindical – isto é, do sindicato para seus filiados – é uma das melhores do mundo. O problema é a difusão de informações entre sindicatos e a sociedade de uma maneira geral. “A grande mídia desconhece o tema ‘trabalhador’ e ataca as ações da classe trabalhadora”, disse.
Para Carta, no entanto, um órgão de imprensa voltado ao sindicalismo exclusivamente seria desnecessário em um cenário de igualdade de representatividade dos setores. Esse setor estaria incluído nas pautas diárias dos jornais, como ocorre em veículos de outros países.
Casa Grande
Na palestra, Carla afirmou ainda que os três séculos e meio de escravidão foram a pior desgraça que o Brasil já viveu. “Vivemos a prepotência inesgotável dos herdeiros da casa grande”, diz.
A regulação midiática só não ocorre, afirma, porque a maior parte dos Congressistas é dona de canais de comunicação. “Quem detém o poder se esbalda nele. E eventualmente se suja”.
Enquanto o trabalhador não tem espaço, os políticos ocupam boa parte dos jornais. Para Carta, mesmo os governantes atuais, no fundo, bajulam a mídia. “Querem uma entrevista nas páginas amarelas da Veja, aquelas que eu inventei”, brinca.
Além de antidemocrática, a mídia brasileira é de má qualidade, segundo ele. Ao importar o modelo de jornalismo americano – textos curtos, objetivos e que colocam as informações importantes nos primeiros parágrafos – o Brasil falhou e acabou copiando errado. “Estamos muito atrasados em termos de jornalismo. Somos muito provincianos e não sabemos copiar”, diz. As soluções para esse cenário surgirão com o amadurecimento do país.
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