Maria Rita Kehl

Opinião

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Medo e violência

Indivíduos amedrontados, seja por uma ameaça real ou devido a uma fantasia, tendem a se defender, por vezes, de forma violenta. Eis a raiz do bolsonarismo

Bolsonaro disse recentemente que "Verdade Sufocada", de Ustra, é seu livro de cabeceira
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A primeira conexão entre as palavras que intitulam esta coluna parece óbvia: sim, a violência gera medo. Se o Brasil da era Bolsonaro se tornou mais violento, atendendo às obsessões do ex-chefe da nação, é evidente que muitos brasileiros tenham se tornado mais medrosos. Mas a recíproca também é verdadeira: indivíduos amedrontados, seja por uma ameaça real ou devido a uma fantasia, tendem a se defender, por vezes, de forma violenta.

O paradoxo gerado durante os quatro anos da gestão bolsonarista é que uma porcentagem razoável de brasileiros que se tornaram mais violentos não tinha, provavelmente, razões concretas para sentir-se ameaçada. A julgar pelos noticiários, não foram os miseráveis e os famintos os grandes protagonistas do aumento da violência: foram os ricos e integrantes da classe média, insuflados pela paixão do ex-presidente pelas armas de fogo – vide o gesto infantil de imitar um revólver com os dedos polegar e indicador.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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