Política

Câmara aprova PL que cria mercado de carbono, mas deixa agro fora do projeto

Proposta cria sistema para regular crédito de carbono no País; texto votado pelos deputados vai agora ao Senado

Câmara aprova PL que cria mercado de carbono, mas deixa agro fora do projeto
Câmara aprova PL que cria mercado de carbono, mas deixa agro fora do projeto
O deputado Aliel Machado (PV - PR) não conseguiu acordo para incluir agro no mercado de carbono. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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A Câmara dos Deputados aprovou, na última quinta-feira 21, o projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil. O texto foi aprovado com 299 votos favoráveis, contra 103 contra. Agora, a matéria deve ir para o Senado.

Segundo o projeto, as empresas que emitirem mais de 10 mil toneladas de carbono por ano estarão sujeitas ao mercado regulado. 

O mercado de carbono é um meio de tentar compensar a emissão de gases de efeito estufa. O mecanismo estabelece que que cada tonelada de carbono que deixar de ser lançada na atmosfera poderá ser convertida em crédito, que poderá ser negociado com outra empresa ou mesmo com o governo.

Já as empresas que descumprirem os limites estarão sujeitas a multas. Caso as regras não sejam cumpridas – por exemplo, a não apresentação de relatórios regulares de emissões – poderão causar multas cujo teto pode ser de até 5% do faturamento bruto da empresa.

O modelo de mercado de carbono já é uma realidade em países europeus, por exemplo, há mais de uma década. Nesse mercado, o governo funciona como uma espécie de regulador, determinando quanto as empresas de cada setor econômico podem emitir de gases de efeito estufa.

O texto aprovado ontem cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que serve como instrumento para comercializar os créditos. 

O relator do projeto foi o deputado Aliel Machado (PV-PR), que agregou projetos discutidos anteriormente na Câmara, além de uma outra proposta já aprovada no Senado. Na Câmara, Machado incluiu no projeto a possibilidade de que os estados tenham os seus próprios mercados de carbono, administrando os créditos de carbono a nível estadual. Inclusive, em áreas privadas.

Apesar do crescimento do debate global sobre mercado de carbono e da demanda de entidades ligadas à defesa do meio ambiente, a agricultura e a pecuária estão fora da regulamentação proposta no projeto de lei. Machado afirmou que tentou fazer uma proposta para incluir o agronegócio no PL ao defender que condições especiais fossem dadas ao setor. Entretanto, não houve acordo.

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