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Um ano após privatização, consumidores do Norte pagam os preços mais altos do País em combustíveis

No período, a Refinaria da Amazônia cobrou quase 7% a mais do que a Petrobras no litro da gasolina

Um ano após privatização, consumidores do Norte pagam os preços mais altos do País em combustíveis
Um ano após privatização, consumidores do Norte pagam os preços mais altos do País em combustíveis
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Em um ano de privatização completo nesta sexta-feira 1, a Refinaria da Amazônia praticou aos consumidores da Região Norte os preços de combustíveis mais altos do País.

No período de 12 meses, os consumidores pagaram R$ 154,6 milhões a mais pela gasolina. A refinaria vendeu um total de 831,2 mil m³ de gasolina e cobrou pelo litro quase 7%, em média, a mais do que a Petrobras.

Com o valor excedido daria para comprar 27,5 milhões de litros de gasolina nos postos de combustíveis, ao preço médio de R$ 5,62 o litro, ou 1,5 milhão de botijões de gás de cozinha de 13 quilos, ao preço médio de R$ 103,32 a unidade.

Os cálculos foram feitos pelo Observatório Social do Petróleo, com base em informações divulgadas pela Ream, Petrobrás e Agência Nacional do Petróleo.

Ainda de acordo com o levantamento, a maior despesa foi registrada no mês de agosto, quando a diferença de preço entre a gasolina da refinaria privatizada e a da Petrobrás chegou a R$ 0,53. No mês, a Ream comercializou 63 mil m³.

“Por conta da privatização, a população do Norte, cuja maior parte da região é abastecida pela refinaria privatizada, teve que desembolsar em agosto R$ 33,6 milhões a mais para comprar gasolina”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

A Ream também praticou, em média, preços 4,6% a mais do que os aplicados por outras refinarias privatizadas. O litro vendido pela unidade amazonense custou 3,9% acima do vendido pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, e 4,8% a mais do preço praticado na Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte.

Para o diretor da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindipetro PA/AM/MA/AP, Bruno Terribas, a situação dos preços abusivos à população do Norte é angustiante.

“Já sofremos diversas violências decorrentes da concentração de renda no Sudeste do país e, com a privatização, o cenário só piora. Apesar de termos no Norte uma grande reserva de petróleo e gás, que é o Polo Urucu, que escapou de ter sido vendido pelo ex-governo, pagamos os preços mais altos do Brasil. Por isso falamos de reestatização, porque a Petrobrás estatal significa mais dignidade e condições de vida para o nortista”, avalia o dirigente.

A Ream fornece gasolina para as distribuidoras que atendem os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Acre e Roraima, localidades que figuram entre os maiores preços de gasolina do país. O consumidor do Acre é o que paga o litro mais caro, R$ 6,75, seguido por Amazonas (R$ 6,52) e Rondônia (R$ 6,49) em 3º lugar. Roraima aparece em 6º lugar (R$ 5,89), Pará em 8º (R$ 5,81) e Amapá em 16º (R$ 5,57).

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