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O X do problema

Elon Musk perde anunciantes após revelar seu antissemitismo em rede social

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Mate o mensageiro. Musk decidiu processar a ONG que o denuncia – Imagem: Joshua Armstrong/USAFA
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Foi um fim de semana explosivo para Elon Musk. O bilionário teve de presenciar não apenas a “rápida desmontagem não programada” em público de mais um de seus foguetes, como também assistiu a um grupo de empresas globais conhecidas, entre elas Apple, ­Disney e IBM, retirar publicidade da X, sua plataforma social. As empresas decidiram parar de gastar na rede, antes chamada Twitter, após o bilionário publicar apoio a uma teoria conspiratória antissemita. Na quarta-feira 15, Musk respondeu a uma postagem que acusava os judeus de promoverem o ódio contra brancos, observando que era a “verdade real”. Desde então, ele argumentou que a crítica pretendia atingir grupos de campanha específicos, como a Liga Antidifamação, e não se dirigia à comunidade judaica em geral.

A nova e dispendiosa disputa em torno do empresário de tecnologia significa que, no momento em que o foguete Starship sofreu um problema inesperado nos céus do Texas no sábado 18, a ­reputação de Musk já estava sob ataque. Muito antes de o propulsor da nave ­SpaceX explodir sem aviso, a plataforma X enfrentava uma tempestade midiática que também poderia levar a uma “rápida desmontagem”. Várias outras marcas importantes e figuras públicas se distanciaram rapidamente da rede. Anunciantes preocupados, incluídas a Comissão Europeia, a Comcast, a Paramount TV e o estúdio cinematográfico Lionsgate, retiraram as campanhas promocionais do X ou optaram por uma pausa até Musk esclarecer sua posição.

Na manhã de sábado, o bilionário preferiu, no entanto, partir para o ataque. Musk ameaçou “um processo termonuclear” contra a Media Matters, organização norte-americana de vigilância que apontou o suposto antissemitismo no X. Anúncios de marcas caras, denuncia a organização, apareceram ao lado de postagens pró-nazistas, como citações de Adolf Hitler e frases a negar o Holocausto.

A sensatez de grandes marcas se associarem ao site foi questionada desde que Musk assumiu o Twitter, há um ano, mas a eclosão do conflito no Oriente Médio provocou novas saídas. Na quinta-feira 16, a IBM tornou-se a primeira empresa a retirar sua publicidade do site, em resposta à investigação da Media Matters. Entre aqueles que agora pedem a demissão de Musk está o cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz, enquanto a Casa Branca condenou a “abominável promoção do ódio antissemita e racista nos termos mais fortes”. Vários usuários conhecidos do X, como o produtor musical norte-americano Steve Greenberg, também anunciaram neste fim de semana que deixarão a plataforma. Segundo Greenberg, ela se transformou em “algo odioso e perigoso”. •


Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

Publicado na edição n° 1287 de CartaCapital, em 29 de novembro de 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘O X do problema’

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