Mundo

Pelo menos 60 manifestantes foram detidos pelo protesto anti-israelense em aeroporto do Daguestão

No domingo, dezenas de manifestantes invadiram o local em busca de passageiros de um voo procedente de Israel

Pelo menos 60 manifestantes foram detidos pelo protesto anti-israelense em aeroporto do Daguestão
Pelo menos 60 manifestantes foram detidos pelo protesto anti-israelense em aeroporto do Daguestão
Foto: AFP PHOTO / Telegram channel @askrasul
Apoie Siga-nos no

Sessenta pessoas foram detidas em um aeroporto de Makhachkala, capital da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, depois que dezenas de manifestantes invadiram o local em busca de passageiros israelenses de um voo procedente de Israel, informou a polícia nesta segunda-feira (30).

A multidão invadiu o aeroporto no domingo em um momento de grande tensão provocada pelos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, em represália ao ataque violento do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro.

Durante a operação para retirar o grupo do aeroporto, nove policiais ficaram feridos e dois foram hospitalizados, informou o Ministério do Interior da Rússia.

“Mais de 150 participantes ativos nos distúrbios foram identificados e 60 foram detidos”, afirma um comunicado divulgado pelo ministério.

“O aeroporto está sob controle das forças de segurança”, acrescenta a nota.

Busca de passageiros

Vídeos publicados nas redes sociais e na imprensa russa mostram um grupo de pessoas inspecionando os veículos que deixavam o aeroporto, derrubando portas no terminal e cercando um avião na pista.

O site Flightradar informou que um voo da companhia Red Wings procedente de Tel Aviv pousou em Makhachkala às 19H00 (13H00 de Brasília).

O site independente russo Sota informou que era um voo de trânsito, que decolaria em direção a Moscou duas horas mais tarde.

As autoridades locais não informaram até o momento se o voo e os passageiros conseguiram seguir a viagem.

A agência de aviação russa anunciou que o aeroporto permanecerá fechado até a manhã de terça-feira e não até 6 de novembro, como havia sido informado no domingo.

Em um dos vídeos, um dos manifestantes exibia um cartaz que dizia “os assassinos de crianças não têm lugar no Daguestão”.

Daguestão acusa Ucrânia

Serguei  Melikov, presidente do Daguestão, uma república do Cáucaso russo, afirmou nesta segunda-feira que os distúrbios foram organizados em território ucraniano, em pleno conflito armado entre Kiev e Moscou.

“Os iniciadores desta ação são evidentemente nossos inimigos, os que a organizaram no território ucraniano”, disse Melikov, segundo a agência Ria-Novosti.

Melikov acusou em particular um canal de Telegram crítico às autoridades locais, “Utro Daguestão”, liderado por “traidores” da Ucrânia.

O canal, que tem quase 60.000 seguidores, divulgou uma convocação de protesto no aeroporto de Makhachkala no domingo à noite para impedir a chegada de passageiros “indesejáveis” no voo da Red Wings procedente de Tel Aviv.

Durante os incidentes, Israel pediu à Rússia para proteger “todos os cidadãos israelenses e todos os judeus”.

O governo dos Estados Unidos condenou as “manifestações antissemitas” no Daguestão, afirmou Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Horas antes do incidente, Akhmed Dudayev, ministro da Informação da Chechênia, república russa vizinha ao Daguestão, advertiu pelo Telegram contra as “provocações” e fez um apelo à calma diante do aumento das tensões no Cáucaso.

Chechênia e Daguestão são duas repúblicas instáveis do Cáucaso russo, ambas com população majoritariamente muçulmana.

A agência de notícias RIA Novosti reportou no domingo, que um centro judaico foi incendiado em Nalchik, a capital de Kabardia-Balkaria, outra república do Cáucaso Norte.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo