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Morde e assopra

O governo busca distensionar a relação com as Forças Armadas com robustos investimentos na indústria da Defesa

Digitais. O software espião First Mile foi comprado por Braga Netto com recursos da intervenção federal no Rio – Imagem: Cristina Indio do Brasil/ABR
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As evidências de corrupção e espionagem que envolvem militares próximos a Jair Bolsonaro no episódio da nebulosa compra e posterior utilização ilegal do software First Mile voltaram a agitar a lama que insiste em grudar nos coturnos de parte do alto escalão das Forças Armadas. Comprado sem licitação em 2018, ainda no governo de Michel Temer, pelo Gabinete de Segurança Institucional, o programa espião, segundo as investigações da Polícia Federal, foi utilizado durante três anos pelos arapongas da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, para vigiar os passos de pelo menos 33 mil cidadãos. A quase totalidade dos registros foi apagada antes da batida policial, mas, nos 1,8 mil arquivos obtidos pela PF foi constatada a espionagem exercida sobre políticos, juízes, advogados, jornalistas, ativistas de direitos humanos e outros desafetos do governo.

Desenvolvido em Israel, o software foi comprado também pelo Exército, em um “pacote de segurança” que drenou cerca de 40 milhões de reais em recursos do Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro, então comandado pelo ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022, o general da reserva Walter Braga Netto. Entre os alvos das ações de busca e apreensão autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal figurava o representante da empresa que vendeu o programa ao governo, Caio Cesar dos Santos Cruz, filho do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, outro ex-ministro de Bolsonaro. Na casa de outro investigado, o servidor Paulo Maurício Fortunato, que foi diretor de Operações da Abin no governo passado, foram apreendidos 171,8 mil dólares em espécie, montante não justificado que, segundo a PF, pode estar relacionado ao negócio fechado durante a intervenção.

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