Política
Senado aprova revisão das cotas raciais e texto segue para sanção; veja as mudanças
Relator da matéria, o senador Paulo Paim (PT-RS) votou pela rejeição das dez propostas de alteração no texto que veio da Câmara


O Senado aprovou, nesta terça-feira 24, o projeto de lei que revisa o sistema de cotas raciais nas instituições de ensino superior no Brasil. Como não houve alterações em relação ao texto aprovado na Câmara, o projeto vai para a sanção do presidente Lula (PT).
Relator da matéria, o senador Paulo Paim (PT-RS) votou pela rejeição das dez propostas de alteração no texto que veio da Câmara. Caso ele tivesse acatado as mudanças, o projeto teria de voltar à análise dos deputados, o que atrasaria a tramitação da revisão no Congresso.
Durante a votação, estiveram presentes no plenário do Senado a deputada federal Dandara (PT-MG), relatora do projeto na Câmara, e a deputada Maria do Rosário (PT-RS), autora da proposta.
A atualização ocorre porque, na lei que instituiu as cotas raciais, sancionada em 2012, havia a previsão de revisão das regras a cada dez anos. As mudanças preveem:
- A instituição das cotas para os cursos de pós-graduação;
- A inclusão dos quilombolas no sistema de cotas;
- A prioridade para os cotistas no recebimento de benefícios de assistência estudantil;
- A inscrição como cotista permanece, mas, inicialmente, todos os candidatos concorrem entre si. O objetivo é que pessoas que se inscreveram como cotistas possam ocupar vagas da ampla concorrência caso tenham notas suficientes. Se não conseguirem, passarão a concorrer a uma vaga por meio das cotas;
- Um prazo de dez anos para avaliação sobre o sistema, com ciclos anuais de monitoramento;
- A competência do acompanhamento para os ministérios da Educação e os responsáveis pelas políticas de promoção da igualdade racial, para indígenas, direitos humanos, cidadania e juventude;
- A redução da renda familiar per capita para um salário mínimo na reserva de vagas de 50% das cotas;
- A definição de que as vagas reservadas para subcotas não utilizadas serão repassadas, primeiramente, para outras subcotas, e, depois, aos estudantes de escolas públicas;
- A permissão para o uso de outras pesquisas além do Censo para o cálculo da proporção de cotistas nas universidades federais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Como o adiamento da votação de fundos dos super-ricos amplia as incertezas para o governo
Por Victor Ohana
Ruralistas aumentam pressão para Congresso derrubar vetos de Lula ao Marco Temporal
Por Victor Ohana