Cultura
Exposição excessiva
Em Vou Rifar Meu Coração, Ana Rieper investiga o impacto da música brega na vida e nas histórias de amor de pessoas comuns


Vou rifar meu coração
Ana Rieper
É incomum a um documentário voltado à música brasileira, dada a tradição popular e festejada dessa arte no País, causar incômodo, ou numa expressão a calhar, ruído. Mas é o que faz o filme de Ana Rieper, Vou Rifar Meu Coração, que entra em cartaz sexta 3. O sentimento não vem pelo material que o inspira, a canção dita brega e seus principais representantes alocados, sobretudo na Região Nordeste. Pelo contrário, a investigação do fenômeno consagrado por nomes como Amado Batista, Odair José, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Rodrigo Mell e Wando, entre outros, tem empatia, como comprovou a plateia do Festival de Brasília do ano passado ao ovacionar o longa-metragem, no mais com
boa repercussão e prêmios em outras mostras.
O filme, no entanto, desafina e o faz no abuso de expedientes nessa busca pelo encanto do público, que pode ser o estratagema falseado ou a simples ausência de um confronto necessário. No primeiro caso temos histórias reais entrosadas àquelas da ficção criativa dos compositores, com tipos recorrentes como o corno ou o homem ligado a duas mulheres, a oficial e a amante.
A exposição excessiva da situação chega a constranger. Não menos conveniente ao filme é compor a dança apaixonada de um casal gay, em recurso não perceptível, mas assumido pela diretora. Ela banca como deveria seus fraquejos e não se deixa imolar. Nem na atitude mais questionável do trabalho, ao ouvir Lindomar Castilho sobre um passado de fama tão longínquo quanto o crime de matar sua mulher Eliane de Grammont, memória que passará em branco se depender desta abordagem.
Vou rifar meu coração
Ana Rieper
É incomum a um documentário voltado à música brasileira, dada a tradição popular e festejada dessa arte no País, causar incômodo, ou numa expressão a calhar, ruído. Mas é o que faz o filme de Ana Rieper, Vou Rifar Meu Coração, que entra em cartaz sexta 3. O sentimento não vem pelo material que o inspira, a canção dita brega e seus principais representantes alocados, sobretudo na Região Nordeste. Pelo contrário, a investigação do fenômeno consagrado por nomes como Amado Batista, Odair José, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Rodrigo Mell e Wando, entre outros, tem empatia, como comprovou a plateia do Festival de Brasília do ano passado ao ovacionar o longa-metragem, no mais com
boa repercussão e prêmios em outras mostras.
O filme, no entanto, desafina e o faz no abuso de expedientes nessa busca pelo encanto do público, que pode ser o estratagema falseado ou a simples ausência de um confronto necessário. No primeiro caso temos histórias reais entrosadas àquelas da ficção criativa dos compositores, com tipos recorrentes como o corno ou o homem ligado a duas mulheres, a oficial e a amante.
A exposição excessiva da situação chega a constranger. Não menos conveniente ao filme é compor a dança apaixonada de um casal gay, em recurso não perceptível, mas assumido pela diretora. Ela banca como deveria seus fraquejos e não se deixa imolar. Nem na atitude mais questionável do trabalho, ao ouvir Lindomar Castilho sobre um passado de fama tão longínquo quanto o crime de matar sua mulher Eliane de Grammont, memória que passará em branco se depender desta abordagem.
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