Economia

Dólar paralelo dispara na Argentina e passa dos mil pesos às vésperas da eleição

A nova escalada coincide com a recomendação do ultradireitista Javier Milei, favorito nas pesquisas, de não renovar prazos fixos na moeda local

Dólar paralelo dispara na Argentina e passa dos mil pesos às vésperas da eleição
Dólar paralelo dispara na Argentina e passa dos mil pesos às vésperas da eleição
Dólar paralelo na Argentina passa dos mil pesos em 10 de outubro de 2023. Foto: Luis Robayo/AFP
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O mercado cambial da Argentina sofreu mais um abalo nesta terça-feira 10, data em que o principal dólar paralelo, chamado de dólar blue, ultrapassou a barreira dos mil pesos, a poucos dias das eleições presidenciais de 22 de outubro.

A taxa de câmbio paralela fechou em 945 pesos na segunda-feira, enquanto a cotação oficial chegava a 365 pesos.

A nova volatilidade coincide com a recomendação do ultradireitista Javier Milei, favorito nas pesquisas de intenção de voto, de não renovar prazos fixos em pesos argentinos.

Jamais em pesos, jamais em pesos. O peso é a moeda emitida pelo político argentino, portanto, não pode valer nem excremento, porque essas porcarias não servem nem como adubo”, disse o “libertário”.

Em reação à nova escalada, a Associação de Bancos emitiu um comunicado no qual insta os candidatos a agirem com responsabilidade.

O governo de Alberto Fernández, cujo candidato a presidente é o ministro da Economia, Sergio Massa, unificou diversas taxas de câmbio em vigor para turismo e poupança, às quais são aplicados impostos para desencorajar a compra de moeda estrangeira.

Desde 2019, a Argentina recorre a controles de câmbio para tentar conter o declínio das reservas internacionais. Além disso, com uma inflação anualizada de 120% até agosto, a taxa de juros para depósitos a prazo está em território negativo, em 118% ao ano.

O país mantém um acordo de crédito com o Fundo Monetário Internacional de 44 bilhões de dólares, por meio do qual se comprometeu com uma forte redução do déficit fiscal.

Dolarizar sem dólares? As reações à escalada

Milei avaliou que a deterioração do peso favorece seu projeto de dolarizar a economia. “Quanto mais alto o preço do dólar estiver, mais fácil é a dolarização”, alegou

Massa, por sua vez, chamou Milei de “irresponsável”.

“Quando vejo candidatos que, por um voto, são capazes de incendiar uma casa, a verdade é que me preocupo. Essa irresponsabilidade não me faz mal, não faz mal ao governo, faz mal a milhões de argentinos”, devolveu.

Patricia Bullrich, candidata da direita alinhada em torno do ex-presidente neoliberal Mauricio Macri, partiu para cima de Milei e de Massa, ao mesmo tempo.

“DÓLAR A 1.000. Entre o incendiário Massa, que está nos levando à hiperinflação, e a irresponsabilidade de Milei, que fomenta a corrida cambial, estão os argentinos angustiados com o presente e o futuro”, escreveu a ex-ministra da Segurança no X.

(Com informações da AFP)

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