Educação
Estudantes da USP rejeitam proposta da reitoria e decidem manter greve
Principais reivindicações são a contratação imediata de professores e o retorno da política de “gatilho automático”


Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram em assembleia geral na noite desta sexta-feira 9, rejeitar a proposta de acordo da reitoria. Com isso, o grupo decidiu manter a paralisação de atividades.
No encontro, realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), os estudantes decidiram que as pautas ainda não foram completamente contempladas pela instituição.
Na semana passada, a USP chegou a anunciar a liberação de mais 148 novas vagas para contratação de professores, adicionais às 879 que já tinham sido aprovadas. Apesar disso, os estudantes afirmam que a reitoria não tem sido flexível em relação às outras demandas apresentadas.
Entre as pautas que os estudantes ainda pleiteiam está o aumento da cota para contratação de docentes negros e indígenas. Além disso, também pedem o reajuste da bolsa do Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (Papfe) de R$ 800 para R$ 1.000.
Uma nova reunião com a reitoria está marcada para esta terça-feira 10 às 14h.
Histórico da greve
A greve de alunos da USP chegou a todos os institutos da capital no último dia 29 de setembro. A leva de protestos começou em 18 de setembro, quando o centro acadêmico do instituto de Letras, um dos cursos mais afetados pela falta de professores, aprovou a paralisação das atividades.
A diretoria reagiu cancelando aulas e alegando ameaças ao patrimônio público, ao que os estudantes responderam com a antecipação da greve e o bloqueio das entradas do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
As principais reivindicações são a contratação imediata de professores e o retorno da política de “gatilho automático” (realização imediata de concursos após aposentadoria, falecimento ou exoneração de um professor, para garantir que o número de docentes não diminua), extinta em 2011.
Além disso, os alunos pautam o reajuste das políticas de permanência para alunos de baixa renda, a conclusão do plano diretor do campus da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, a instituição de um vestibular indígena e o compromisso da reitoria de que os estudantes que participam das mobilizações não sofrerão represálias institucionais.
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