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Desigualdade omitida

O presidente pretende liderar o grupo dos países emergentes, esquece, porém, o fato deprimente

Imagem: Timothy A. Clary/AFP
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No discurso pronunciado na Assembleia-Geral das Nações Unidas, a expressão mais usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da ­Silva foi “desigualdade social”. Referia-se a uma pretensa desigualdade a reinar na patética bola de argila que habitamos, girando elipticamente em torno de uma estrela menor chamada Sol. Aquele público selecionadíssimo aplaudiu com transparente entusiasmo. Talvez entendesse que a atual composição do plenário tivesse de ser alterada, de sorte a permitir o ingresso de novos integrantes no grupo, no momento reduzido, habilitado a dar provimento ou a negá-lo às decisões da Assembleia.

Em matéria de desigualdade social, o país governado pelo palestrante é campeão, conforme estatísticas há tempo divulgadas. Nestes dias, aliás, outra surgiu, obra da União dos Bancos Suíços. Informou que 1% dos mais ricos brasileiros controla 48% da riqueza do País. De alguma forma, esta é a chancela de uma autoridade indiscutível à existência de casa-grande e senzala em uma terra que ainda não se livrou da herança medieval. A realidade nua e crua todos a conhecemos. Andar pelas calçadas do Brasil coloca em risco o nosso passo, diante da possibilidade premente de tropeçar em quem ali dorme ou repousa eventualmente sobre um colchão de jornais amarrotados. Seria um luxo, bem como a sombra de uma árvore.

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