Economia
Lula assume a presidência do G20 com críticas aos ‘equívocos estruturais do neoliberalismo’
‘A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas’, afirmou o presidente na Índia
A Índia transferiu simbolicamente ao Brasil neste domingo 10 a presidência do G20. O mandato rotativo começará oficialmente em 1º de dezembro e valerá até novembro do ano que vem, quando deve ocorrer uma nova cúpula do bloco, no Rio de Janeiro.
Durante a cerimônia de encerramento da Cúpula de Nova Délhi, o presidente Lula afirmou que a liderança do Brasil terá três pontos centrais:
- a inclusão social e o combate à fome;
- a transição energética e o desenvolvimento sustentável em três vertentes (social, econômica e ambiental); e
- a reforma das instituições de governança global.
Lula avaliou que o G20 se consolidou após a crise financeira de 2008 e enfrentou os momentos mais críticos, “mas foi insuficiente para corrigir os equívocos estruturais do neoliberalismo”.
“A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas”, afirmou.
Ele também cobrou uma atuação mais enfática contra as mudanças climáticas e mencionou o Rio Grande do Sul, onde 46 pessoas estão desaparecidas e 43 morreram após a passagem de um ciclone extratropical.
“Isso nos chama a atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, disse o presidente.
Lula citou problemas globais como a fome, as ameaças ao desenvolvimento sustentável e a concentração de riqueza.
“Só vamos conseguir enfrentar todos esses problemas se tratarmos da questão da desigualdade. A desigualdade de renda, de acesso a saúde, educação e alimentação, de gênero e raça e de representação está na origem de todas essas anomalias. Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional.”
Segundo Lula, o lema da presidência brasileira no G20 será Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável. Ele anunciou a criação de duas forças-tarefas:
- a Aliança Global contra a a Fome e a Pobreza; e
- a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
“Precisamos redobrar os esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos”, alertou.
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