Sociedade

Morto pela PM em operação no Guarujá teve unhas arrancadas e sinais de tortura pelo corpo

Ao UOL, testemunhas afirmaram terem encontrado objetos supostamente utilizados na tortura ao lado do corpo de Willians dos Santos Santana

Morto pela PM em operação no Guarujá teve unhas arrancadas e sinais de tortura pelo corpo
Morto pela PM em operação no Guarujá teve unhas arrancadas e sinais de tortura pelo corpo
Policial Militar da Rota. Foto: Divulgação
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O corpo do encanador Willians dos Santos Santana, de 36 anos, foi entregue à família com as unhas das mãos arrancadas. Ele foi morto por policiais militares, na sexta 18, com seis tiros dentro do barraco em que morava na ponta da praia de Perequê, em Guarujá. A informação é do UOL.

O jornal entrevistou familiares e vizinhos da vítima que estiveram próximos ao local ou viram o corpo e a casa após a liberação da polícia. Ao UOL as testemunhas relatam terem ouvido gritos de socorro por mais de cinco minutos e terem encontrado um alicate e uma faca ensanguentados no local.

Agentes da operação escudo, que ocorre após a morte de um policial no mesmo território,  já mataram 22 pessoas. Embora os laudos oficiais de todas as mortes apontem que não houve nenhum sinal de tortura ou incompatibilidade com os registros da operação, crescem as denúncias sobre supostos abusos de poder e morte de pessoas não vinculadas ao tráfico e ao crime organizado.

Segundo a reportagem, há cerca de duas semanas policiais militares teriam abordado o encanador na rua e feito ameaças, dizendo que iriam matar ao menos quatro pessoas na comunidade do Perequê e que ele poderia ser uma das vítimas. Desde então, o encanador teria ficado hospedado na casa da Mãe, fora de Guarujá, mas retornou ao bairro para um serviço em que faria a ligação de uma casa à rede de esgoto da Sabesp.

Por volta das 15h no dia, duas viaturas do 12º Batalhão de Ações Especiais da Polícia – que atura em Araçatuba, cerca de 665 quilômetros da cidade – estacionaram e agentes fizeram patrulhamento a pé no bairro. Ao UOL, as testemunhas afirmam terem visto Santana ter corrido para dentro do barraco ao avistar a equipe, momento em que a moradia foi invadida e houve os disparos.

Três policiais contaram, em depoimento, que, ao chegar no local um homem atirou contra os agentes e entrou no barraco. O boletim cita apenas a equipe de apoio que foi chamado ao local após um homem ter fugido ao ver policiais na rua.

A polícia afirma ter encontrado centenas de porções de droga em uma mochila dentro do barco e um revólver calibre 38. Há marcas de tiro apenas em um lado da moradia.

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