Política
Presidente da CPI do MST faz nova declaração machista e gordofóbica contra Sâmia Bomfim
A deputada do PSOL já havia apresentado um pedido de cassação por quebra de decoro do parlamentar
O presidente da CPI do MST, o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), afirmou nesta quinta-feira 3 que a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) deveria “ficar mais calma” e perguntou se ela desejava um remédio ou um hambúrguer.
A declaração machista e gordofóbica aconteceu durante o depoimento de José Rainha, líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidades. Na ocasião, o militante social explicava uma gravação em que pedia votos para Sâmia na eleição de 2022.
“A senhora pode, também, daqui a pouco, tomar qualquer atitude, ficar mais calma. A senhora respeite, a senhora está nervosa, senhora deputada? Quer um remédio? Ou quer um hambúrguer?”, perguntou Zucco.
Após a nova ofensiva do presidente da Comissão, Bomfim declarou que o episódio foi um exemplo de violência política de gênero. “É o nosso instrumento de defesa, mas também de ataque para aqueles que acham que vamos nos intimidar”, devolveu. Para justificar a declaração, Zucco afirmou que teria sido desrespeitado.
Durante a discussão, ao rebater a afirmação de Zucco, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) foi interrompida pelo relator da CPI, Ricardo Salles (PL-SP), que disse que a deputada estava se vitimizando. Petrone pediu que o bolsonarista se calasse e reforçou que o episódio era inadmissível.
Este é o terceiro caso em que Zucco e Salles miram Sâmia Bomfim neste ano. Há menos de um mês, também em uma sessão da comissão, o deputado do Republicanos mandou a colega ficar “calada” e “respeitar os demais deputados”.
Na sequência, Salles disse que Bom estaria se vitimizando e sugeriu uma representação conjunta contra ela. “Sempre que esta deputada quer se vitimizar, diz que é interrompida. Então, esse momento precisa ficar registrado.”
O PSOL, na ocasião, entrou com um pedido de cassação dos mandatos de Salles e Zucco por quebra de decoro parlamentar.
Em maio, Zucco cortou o microfone de Sâmia Bomfim durante uma sessão, enquanto ela se referia a uma investigação contra ele sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro. Após aquele episódio, o Ministério Público Federal sustentou que houve violência política de gênero contra a parlamentar do PSOL.
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