Economia
Entenda a nova política da Petrobras para remunerar acionistas, com redução de dividendos
A companhia foi a segunda maior pagadora de dividendos no mundo em 2022


O Conselho de Administração da Petrobras aprovou na sexta-feira 28 uma nova política de dividendos, reduzindo a distribuição aos acionistas. A empresa anunciou também uma modalidade de recompra de ações, a exemplo de outras companhias do setor.
O novo modelo diminui o repasse de dividendos de 60% para 45% do fluxo de caixa livre, ou seja, a diferença entre fluxo de caixa operacional e investimentos, quando a dívida da empresa estiver abaixo de 65 bilhões de dólares.
O conceito de investimentos que definem o montante dos dividendos passa a considerar, além das “aquisições de imobilizados e intangíveis”, as compras de participações societárias e/ou aumento de participação em empresas, inclusive naquelas controladas da Petrobras.
A Petrobras afirmou que seu objetivo com a nova política é “promover a previsibilidade do fluxo de pagamentos de proventos aos acionistas, ao mesmo tempo em que garante a perenidade e a sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos da Petrobras, sem comprometer a capacidade de crescimento da Companhia”.
Em março, a gestora de recursos Janus Henderson informou que a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos no mundo em 2022, com a distribuição de 21,7 bilhões de dólares, 8,4% a mais que em 2021.
Dessa política adotada sob o governo de Jair Bolsonaro decorreu o apelido de “vaca leiteira”, ou seja, uma empresa que remunera amplamente os acionistas, a partir de uma lógica de redução de investimentos e venda de ativos.
O governo Lula, por outro lado, defende que uma parcela maior do fluxo de caixa seja utilizada em novos investimentos.
Neste ano, o presidente já fez diversas críticas ao volume de dividendos distribuídos pela Petrobras em 2022. Segundo Lula, a empresa deveria ter investido metade do que foi repassado a acionistas, especialmente na indústria naval e na indústria de óleo e gás.
“A Petrobras, em vez de investir, resolveu agraciar os acionistas minoritários”, disparou o petista, em março. “A Petrobras, que no nosso tempo era uma empresa de desenvolvimento, agora é uma empresa exportadora de óleo cru. Não foi para isso que descobrimos o pré-sal. O pré-sal era para que a gente tivesse um passaporte para o futuro do nosso povo e que a gente exportasse derivado de petróleo, não óleo cru.”
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