Cultura

Alexandre Trauner, o construtor de Paris

Este judeu de origem húngara é um dos grandes responsáveis pela imagem romântica da capital francesa na telona a partir dos anos 1930

A arte no olhar
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Alexandre Trauner (1906-1993) não é um nome conhecido do grande público. Mas a imagem que o cinema construiu de Paris ao longo das décadas deve muito a esse judeu francês de origem húngara. Depois de estudar pintura na Escola de Belas Artes de Budapeste, Trauner se radicou em Paris, em 1929, e logo se tornou assistente do cenógrafo Lazare Meerson, com quem trabalhou em filmes como A Nós, a Liberdade (1931), de René Clair, e Quermesse Heroica (1935), de Jacques Feyder. Fez também, sem crédito, a direção de arte do primeiro longa de Buñuel, A Idade do Ouro (1930).

Em 1937, com Família Exótica, Trauner deu início à sua profícua colaboração com o cineasta Marcel Carné, para o qual fez a direção de arte de clássicos como Cais das Sombras, Trágico Amanhecer, Os Visitantes da Noite e O Boulevard do Crime. Nos dois últimos, rodados durante a ocupação alemã, trabalhou clandestino.

Na penúria do pós-Guerra, com a falta de recursos dos estúdios franceses, Trauner ganhou o mundo, tornando-se um dos maiores diretores de arte do cinema. Trabalhou com Billy Wilder em sete filmes, entre eles Se Meu Apartamento Falasse (1960), que lhe deu o Oscar, e também com Orson Welles (Othello), Jules Dassin (Rififi), John Huston (O Homem Que Queria Ser Rei) e Joseph Losey (Don Giovanni).

Nos anos 1980, recriou a Paris subterrânea do “néon-realista” Subway, de Luc Besson, e a dos clubes de jazz de Por Volta da Meia-Noite, de Bertrand Tavernier. Seu grande segredo, mesmo nos cenários fantásticos ou monumentais, era nunca perder a dimensão humana.

DVDs


O Boulevard do Crime (1945)


O amor infeliz de um mímico (Jean-Louis Barrault) por uma atriz e sirigaita (Arletty) serve


de fio condutor para esta exuberante reconstituição da vida noturna e do submundo da Paris de 1828, com direção de Carné e roteiro de Jacques Prévert. A recriação do Boulevard du  Temple é um dos grandes feitos de Trauner.

Othello (1952)


A pungente versão de Orson Welles para a tragédia de Shakespeare sobre o herói militar  mouro Othello (Welles) e seu ciúme da esposa, a nobre Desdêmona (Suzanne Cloutier) foi em grande parte um tour de force de cenografia. Realizado com poucos recursos e muitas  interrupções, teve filmagens no Marrocos, em Veneza e em Roma.

Irma la Douce (1963)


Policial caxias (Jack Lemmon) é transferido para a região de prostituição de Paris e perturba


a convivência entre o meretrício e a polícia. Demitido, acaba se envolvendo com uma  prostituta (Shirley MacLaine), de quem se torna cafetão. Comédia sarcástica de Wilder numa Paris construída por Trauner nos estúdios Goldwyn.

Alexandre Trauner (1906-1993) não é um nome conhecido do grande público. Mas a imagem que o cinema construiu de Paris ao longo das décadas deve muito a esse judeu francês de origem húngara. Depois de estudar pintura na Escola de Belas Artes de Budapeste, Trauner se radicou em Paris, em 1929, e logo se tornou assistente do cenógrafo Lazare Meerson, com quem trabalhou em filmes como A Nós, a Liberdade (1931), de René Clair, e Quermesse Heroica (1935), de Jacques Feyder. Fez também, sem crédito, a direção de arte do primeiro longa de Buñuel, A Idade do Ouro (1930).

Em 1937, com Família Exótica, Trauner deu início à sua profícua colaboração com o cineasta Marcel Carné, para o qual fez a direção de arte de clássicos como Cais das Sombras, Trágico Amanhecer, Os Visitantes da Noite e O Boulevard do Crime. Nos dois últimos, rodados durante a ocupação alemã, trabalhou clandestino.

Na penúria do pós-Guerra, com a falta de recursos dos estúdios franceses, Trauner ganhou o mundo, tornando-se um dos maiores diretores de arte do cinema. Trabalhou com Billy Wilder em sete filmes, entre eles Se Meu Apartamento Falasse (1960), que lhe deu o Oscar, e também com Orson Welles (Othello), Jules Dassin (Rififi), John Huston (O Homem Que Queria Ser Rei) e Joseph Losey (Don Giovanni).

Nos anos 1980, recriou a Paris subterrânea do “néon-realista” Subway, de Luc Besson, e a dos clubes de jazz de Por Volta da Meia-Noite, de Bertrand Tavernier. Seu grande segredo, mesmo nos cenários fantásticos ou monumentais, era nunca perder a dimensão humana.

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O Boulevard do Crime (1945)


O amor infeliz de um mímico (Jean-Louis Barrault) por uma atriz e sirigaita (Arletty) serve


de fio condutor para esta exuberante reconstituição da vida noturna e do submundo da Paris de 1828, com direção de Carné e roteiro de Jacques Prévert. A recriação do Boulevard du  Temple é um dos grandes feitos de Trauner.

Othello (1952)


A pungente versão de Orson Welles para a tragédia de Shakespeare sobre o herói militar  mouro Othello (Welles) e seu ciúme da esposa, a nobre Desdêmona (Suzanne Cloutier) foi em grande parte um tour de force de cenografia. Realizado com poucos recursos e muitas  interrupções, teve filmagens no Marrocos, em Veneza e em Roma.

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