Economia
Lucros nada artificiais
O desenvolvimento da IA impulsiona as empresas de tecnologia


As empresas de tecnologia dos Estados Unidos começaram o ano em baixa, afetadas por uma sobrecarga de custos devido a uma onda de contratações excessivamente zelosa pela pandemia e temores sobre o impacto do aumento das taxas de juro. As coisas pareciam sombrias… Então veio a Inteligência Artificial.
Nos últimos meses, as ações de tecnologia e o índice S&P 500 de primeira linha foram impulsionados por avanços na IA generativa – liderada pelo chatbot ChatGPT – e pela promessa de uma nova era de crescimento para o setor. O S&P 500 subiu 18,6% até agora em 2023, enquanto o composto Nasdaq, altamente tecnológico, subiu 35,7%. Seis meses é muito tempo em uma indústria em rápido movimento.
Cinco dos maiores beneficiários do ressurgimento da tecnologia nos EUA relatam resultados trimestrais nas próximas duas semanas: Meta, proprietária do Facebook, Alphabet, controladora do Google, Apple, Amazon e Microsoft. Cada um tem fatores individuais em jogo em seus desempenhos recentes de ações, mas o frenesi da IA forneceu um impulso geral ao setor. A fabricante de chips Nvidia, que divulgou seus resultados trimestrais em maio, é o emblema do renascimento. Tornou-se uma empresa de 1 trilhão de dólares fora da demanda por seus produtos para fornecer poder de processamento à nova tecnologia.
A grande tecnologia é um “portador da tocha” para o boom de ações em torno da IA, diz Dan Ives, diretor-gerente da empresa financeira americana Wedbush Securities. Segundo ele, os gastos com tais empreendimentos podem chegar a 800 bilhões de dólares na próxima década. “No segundo semestre de 2023, veremos um rali tecnológico muito mais amplo à frente, à medida que os investidores digerem ainda mais as ramificações dessa onda de gastos com IA no horizonte e o que isso significa para o ecossistema de software, chip, hardware e tecnologia no próximo ano.”
Ives acrescenta: Microsoft, Amazon e Alphabet beneficiam-se por meio de seus serviços de computação em nuvem – que alugam capacidade de servidor para empresas – porque os serviços em nuvem têm sido usados para treinar e operar modelos de IA generativos, as redes famintas por dados que alimentam chatbots e geradores de imagens. “É como um ‘momento da internet de 1995’… não um ‘momento da bolha de pontos de 1999’. Estimamos para 2024 que a IA pode representar de 8% a 10% dos orçamentos gerais de TI ante 1% em 2023.” •
Publicado na edição n° 1270 de CartaCapital, em 02 de agosto de 2023.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Lucros nada artificiais’
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