Mundo
Mulheres fogem por medo de retorno do Taleban ao poder
Jovens afegãs temem regressão nos direitos femininos e buscam oportunidades de estudo e trabalho no exterior
Temendo o retorno do Taleban ao poder, mulheres qualificadas e jovens estão deixando o Afeganistão antes da transmissão do governo em 2014 pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), por acreditarem que o governo afegão deixará de fora da agenda principal a luta pelos direitos femininos. Segundo reportagem do diário britânico The Guardian, o governo demostra falta de compromisso com a igualdade, vista nos altos índices de maus-tratos contra as mulheres em casa e no trabalho.
“As mulheres são habitualmente assediadas e exploradas no local de trabalho, o crédito por suas realizações é assumido pelos homens e elas também são alvo de insurgentes quando vão para o trabalho ou a escola. Elas sofrem com a insegurança e, mesmo em casa, são submetidas a violências e abusos taticamente endossados pelos tribunais e o governo”, diz Guhramaana Kakar, assessora para questões de gênero do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, ao semanário britânico The Observer.
Em meio a este cenário, escolas para meninas são incendiadas perto da capital Cabul e garotas recebem ataques com ácido por estudarem, além de inúmeras histórias de estupro e sequestro. Por isso, as mais qualificadas buscam bolsas de estudos ou empregos no exterior. A Universidade de Durham, no Reino Unido, oferece, por exemplo, bolsas específicas para esse público. “Nos primeiros anos após as tropas internacionais entraram no país, houve mudanças positivas na vida de muitas afegãs. No entanto, recentemente as coisas mudaram e a vida ficou mais difícil para as mulheres, mas elas não querem ser empurradas de volta para a caixa”, afirma Selay Ghaffar, executiva-chefe da ONG Assistência Humanitária para Mulheres e Crianças do Afeganistão, ao Guardian. E questiona: ” Por que todos os planos para o futuro do Afeganistão ignoram a metade de sua população?”
O medo das afegãs é retratado em uma recente pesquisa da ONG ActionAid, na qual 86% das mulheres dizem temer o retorno de um regime como o taleban. Uma em cada cinco se preocupa com a educação das filhas e 72% definem sua vida como melhor hoje que há uma década. Mesmo assim, um número crescente de mulheres e meninas deixa os estudos e o mercado de trabalho devido ao agravamento da segurança aos civis. De acordo com o diário, as baixas entre civis afegãos subiram nos últimos cinco anos e superaram 3 mil mortos em 2011, com as mulheres sofrendo de modo desproporcional.
Além da violência e da pouca expressão no sistema político, elas ainda precisam se preocupar com muitos tribunais que deixam de protegê-las juridicamente, o que leva a histórias como crianças estupradas e depois presas por adultério. “A experiência nos diz que um aumento dos ataques contra as mulheres é muitas vezes um primeiro sinal de advertência de que os talibãs estão recuperando o controle da área”, diz ao Guardian Melanie Ward, diretora de assuntos públicos da ActionAid.
Temendo o retorno do Taleban ao poder, mulheres qualificadas e jovens estão deixando o Afeganistão antes da transmissão do governo em 2014 pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), por acreditarem que o governo afegão deixará de fora da agenda principal a luta pelos direitos femininos. Segundo reportagem do diário britânico The Guardian, o governo demostra falta de compromisso com a igualdade, vista nos altos índices de maus-tratos contra as mulheres em casa e no trabalho.
“As mulheres são habitualmente assediadas e exploradas no local de trabalho, o crédito por suas realizações é assumido pelos homens e elas também são alvo de insurgentes quando vão para o trabalho ou a escola. Elas sofrem com a insegurança e, mesmo em casa, são submetidas a violências e abusos taticamente endossados pelos tribunais e o governo”, diz Guhramaana Kakar, assessora para questões de gênero do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, ao semanário britânico The Observer.
Em meio a este cenário, escolas para meninas são incendiadas perto da capital Cabul e garotas recebem ataques com ácido por estudarem, além de inúmeras histórias de estupro e sequestro. Por isso, as mais qualificadas buscam bolsas de estudos ou empregos no exterior. A Universidade de Durham, no Reino Unido, oferece, por exemplo, bolsas específicas para esse público. “Nos primeiros anos após as tropas internacionais entraram no país, houve mudanças positivas na vida de muitas afegãs. No entanto, recentemente as coisas mudaram e a vida ficou mais difícil para as mulheres, mas elas não querem ser empurradas de volta para a caixa”, afirma Selay Ghaffar, executiva-chefe da ONG Assistência Humanitária para Mulheres e Crianças do Afeganistão, ao Guardian. E questiona: ” Por que todos os planos para o futuro do Afeganistão ignoram a metade de sua população?”
O medo das afegãs é retratado em uma recente pesquisa da ONG ActionAid, na qual 86% das mulheres dizem temer o retorno de um regime como o taleban. Uma em cada cinco se preocupa com a educação das filhas e 72% definem sua vida como melhor hoje que há uma década. Mesmo assim, um número crescente de mulheres e meninas deixa os estudos e o mercado de trabalho devido ao agravamento da segurança aos civis. De acordo com o diário, as baixas entre civis afegãos subiram nos últimos cinco anos e superaram 3 mil mortos em 2011, com as mulheres sofrendo de modo desproporcional.
Além da violência e da pouca expressão no sistema político, elas ainda precisam se preocupar com muitos tribunais que deixam de protegê-las juridicamente, o que leva a histórias como crianças estupradas e depois presas por adultério. “A experiência nos diz que um aumento dos ataques contra as mulheres é muitas vezes um primeiro sinal de advertência de que os talibãs estão recuperando o controle da área”, diz ao Guardian Melanie Ward, diretora de assuntos públicos da ActionAid.
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