Política

Movimento social denuncia violência em nova operação na Cracolândia

A operação acontece dias após o governador Tarcísio de Freitas anunciar sua pretensão de transferir o fluxo para o bairro do Bom Retiro

Movimento social denuncia violência em nova operação na Cracolândia
Movimento social denuncia violência em nova operação na Cracolândia
Aglomeração de pessoas em situação de rua na Cracolândia é um problema histórico de São Paulo. Foto: Rovena rosa/Agência Brasil/2017
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O movimento Craco Resiste, que atua contra a violência policial na região da Cracolândia, denunciou abordagem truculenta dos agentes em operação pelo local na quarta-feira 19.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, o movimento afirma que policiais encurralaram e perseguiram pessoas pela região, provocando insegurança.

“Segundo os relatos das pessoas que estavam no fluxo no momento da ação, a Polícia Militar chegou jogando bombas e encurralando as pessoas nas ruas do centro”, diz um trecho do comunicado. Segundo relatos, usuários foram perseguidos por tiros e bombas pelo centro da cidade, “levando terror e insegurança para toda a população.”

A operação acontece dias após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciar sua pretensão de transferir os usuários da Cracolândia para o bairro do Bom Retiro. O anúncio gerou divergência com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) que disse não ter sido consultado sobre o plano. Nesta quinta, contudo, o governador recuou da ideia.

Ainda na nota, a Craco Resiste critica o governo de São Paulo e a prefeitura em relação à atuação no local. “Governo e prefeitura seguem na estratégia de provocar o caos para explorar politicamente o sofrimento das milhares de pessoas que vivem e frequentam a Cracolândia, assim como dos moradores e comerciantes com CEP dos bairros da região central”, apontam. “O fluxo é movimentado pelos interesses econômicos, para abertura da fronteira imobiliária na região central e para alimentar a indústria das internações, transferindo grandes somas de dinheiro público para as mãos de organizações próximas aos grupos políticos no poder.”

O movimento termina a nota enumerando os diversos motivos que levam ao uso indiscriminado de drogas, como quebra de vínculos familiares e afetivos, miséria extrema e comprometimento da saúde física e mental. “Ignorar esses pontos, focando apenas na interrupção do uso de substâncias tende a não estabelecer processos de cuidado efetivos para as pessoas. Isso pode ser facilmente observado pelo altíssimo percentual de fracasso das internações, a maior parte das pessoas que está na Cracolândia neste momento passou por muitas delas”.

“Defendemos alternativas de cuidados em liberdade, sem obrigação de abstinência, que tragam, além do acesso à saúde de forma ampla, oferta de moradia e renda”.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que o tumulto na região começou após PMs prenderem um indivíduo envolvido em tráfico de drogas. Acrescentou que não houve registro de feridos durante a operação. Ainda de acordo com a pasta, a ocorrência foi encaminhada ao 3º DP para providências da Polícia Civil.

Veja a nota na íntegra:

“Policiais militares realizavam o patrulhamento pela região da Nova Luz, quando detiveram um indivíduo envolvido em tráfico de drogas, na noite desta quarta-feira (19). Durante a ação, houve um tumulto provocado pelos dependentes químicos que resultou em atos de depredação pela região. Equipes do 7º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) realizaram a intervenção com uso de munição de menor potencial ofensivo para dispersar os indivíduos e apagaram um pequeno foco de incêndio, entre a Avenida Duque de Caxias e Rua Santa Ifigênia. Não houve registros de feridos e rapidamente a via foi liberada. A ocorrência foi encaminhada ao 3º DP para providências da Polícia Civil. A Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para registrar e apurar todo e qualquer desvio de conduta de seus agentes”.

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