Mundo
Aquela tuitada desnecessária
Primeira-dama diz não entender porque seu apoio ao rival da ex-mulher de 30 anos e mãe de quatro filhos de Hollande provocou polêmica


“Estou jantando com minha irmã numa churrascaria.” Eis um tweet que recebo de um primo. Interessa? Zero.
E, como é o caso com todos os relativamente novos meios tecnológicos – celular, e-mails, redes sociais –, no impulso do momento cometemos erros.
Sei lá, você ficou com raiva de algo, ou tomou uma cerveja a mais, e tuíta uma besteira qualquer. Besteira que pode custar teu emprego, uma amizade, todos os teus “followers”, seguidores, ou pelo menos boa parte deles te abandonam.
Foi o que aconteceu com Valérie Trierweiler, a bela companheira do novo presidente francês, François Hollande. A história já é manjada, mas vamos lá: Trieweiler tuitou seu apoio ao candidato independente Olivier Falorni que opunha Ségolène Royal, a então candidata socialista, em La Rochelle.
“Boa sorte para Olivier Falorni, que não fez nada de errado e lutou com desinteresse para o povo de la Rochelle por vários anos.”
Eis o problema: Hollande havia dado ordens para que Falorni, ex-socialista, saísse da contenda para deixar a via livre para Royal. E eis um detalhe de ainda maior relevância: Ségo é a ex-companheira por três décadas e mãe dos quatro filhos de Hollande.
Em 2007, ainda secretário-geral do PS, Hollande apoiou a candidatura de Ségolène contra Nicolas Sarkozy. E, se vitoriosa em La Rochelle, ela seria, dentro de poucas semanas, a nova presidente da Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados).
Mas o tweet de Valérie Trierweiler ajudou o socialista dissidente. Com a derrocada e atual briga pela liderança da União por um Movimento Popular (UMP), legenda conservadora de Nicolas Sarkozy, a direita votou em massa no inexpressivo Falorni. Foi uma forma da direita mostrar para Hollande que suas vitórias nas primárias, presidencial e legislativas, foram contundentes, mas em casa, ou melhor, no Palácio do Eliseu quem manda é a primeira-dama.
Em suma, uma história de ciúmes conjugal que parece divertir o povo.
Valérie Trierweiler, jornalista do semanário Paris Match, já entrevistou Ségolène. No entanto, já em 2005 corria o boato de que Hollande tinha deixado Ségo para ir viver com a jornalista. Foi somente em 2007, durante a campanha presidencial, que Hollande anunciou a separação. Logo a França saberia que Hollande e Ségo haviam mentido para aumentar as chances para a candidata socialista vencer a eleição.
Consta que a ira da jornalista por Ségo aumentou durante a campanha presidencial. Após um beijo dado por Hollande no rosto da ex-companheira, a primeira-dama lhe disse: “Quero um beijo na boca”.
A gota final foi 12 de junho, quando Trierweiler soube que a única candidata a receber o apoio oficial de Hollande tinha sido Ségo.
O semanário satírico Le Canard Enchainé reportou que, diante de testemunhas, a primeira-dama disse a Hollande: “Você mentiu para mim… Você continua a vê-la, a telefonar para ela. Isso não vai ficar assim”.
Foi então que a jornalista tuitou a favor do candidato independente a disputar um posto com Ségolène em La Rochelle.
Segundo o bem informado Le Canard, a primeira-dama não entende porque seu tweet causou tanta polêmica. Como jornalista, diz a primeira-dama, ela tem o direito de discordar do parceiro visto que “Falorni não é menos socialista do que ninguém”.
Hollande ficou furioso com a parceira? Ninguém sabe. Parece que pelo menos três integrantes do Partido Socialista, um deles diante de um Hollande “petrificado”, disseram para a primeira-dama: “Não encha mais a paciência”. Nesses termos.
Por outro lado, faz tempo que Ségo irrita numerosos socialistas. Portanto, pode ser que o tweet da parceira de Hollande tenha sido encorajado e/ou aplaudido.
Após a derrota, Ségo tuitou a criticar o socialista dissidente. Veremos se ela ainda vai tuitar contra a parceira de seu ex-parceiro.
Quando a Hollande, ele poderia confortar Ségo. Mas como? Com uma tuitada? A primeira-dama poderia, mais uma vez, retaliar com outra tuitada explosiva.
“Estou jantando com minha irmã numa churrascaria.” Eis um tweet que recebo de um primo. Interessa? Zero.
E, como é o caso com todos os relativamente novos meios tecnológicos – celular, e-mails, redes sociais –, no impulso do momento cometemos erros.
Sei lá, você ficou com raiva de algo, ou tomou uma cerveja a mais, e tuíta uma besteira qualquer. Besteira que pode custar teu emprego, uma amizade, todos os teus “followers”, seguidores, ou pelo menos boa parte deles te abandonam.
Foi o que aconteceu com Valérie Trierweiler, a bela companheira do novo presidente francês, François Hollande. A história já é manjada, mas vamos lá: Trieweiler tuitou seu apoio ao candidato independente Olivier Falorni que opunha Ségolène Royal, a então candidata socialista, em La Rochelle.
“Boa sorte para Olivier Falorni, que não fez nada de errado e lutou com desinteresse para o povo de la Rochelle por vários anos.”
Eis o problema: Hollande havia dado ordens para que Falorni, ex-socialista, saísse da contenda para deixar a via livre para Royal. E eis um detalhe de ainda maior relevância: Ségo é a ex-companheira por três décadas e mãe dos quatro filhos de Hollande.
Em 2007, ainda secretário-geral do PS, Hollande apoiou a candidatura de Ségolène contra Nicolas Sarkozy. E, se vitoriosa em La Rochelle, ela seria, dentro de poucas semanas, a nova presidente da Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados).
Mas o tweet de Valérie Trierweiler ajudou o socialista dissidente. Com a derrocada e atual briga pela liderança da União por um Movimento Popular (UMP), legenda conservadora de Nicolas Sarkozy, a direita votou em massa no inexpressivo Falorni. Foi uma forma da direita mostrar para Hollande que suas vitórias nas primárias, presidencial e legislativas, foram contundentes, mas em casa, ou melhor, no Palácio do Eliseu quem manda é a primeira-dama.
Em suma, uma história de ciúmes conjugal que parece divertir o povo.
Valérie Trierweiler, jornalista do semanário Paris Match, já entrevistou Ségolène. No entanto, já em 2005 corria o boato de que Hollande tinha deixado Ségo para ir viver com a jornalista. Foi somente em 2007, durante a campanha presidencial, que Hollande anunciou a separação. Logo a França saberia que Hollande e Ségo haviam mentido para aumentar as chances para a candidata socialista vencer a eleição.
Consta que a ira da jornalista por Ségo aumentou durante a campanha presidencial. Após um beijo dado por Hollande no rosto da ex-companheira, a primeira-dama lhe disse: “Quero um beijo na boca”.
A gota final foi 12 de junho, quando Trierweiler soube que a única candidata a receber o apoio oficial de Hollande tinha sido Ségo.
O semanário satírico Le Canard Enchainé reportou que, diante de testemunhas, a primeira-dama disse a Hollande: “Você mentiu para mim… Você continua a vê-la, a telefonar para ela. Isso não vai ficar assim”.
Foi então que a jornalista tuitou a favor do candidato independente a disputar um posto com Ségolène em La Rochelle.
Segundo o bem informado Le Canard, a primeira-dama não entende porque seu tweet causou tanta polêmica. Como jornalista, diz a primeira-dama, ela tem o direito de discordar do parceiro visto que “Falorni não é menos socialista do que ninguém”.
Hollande ficou furioso com a parceira? Ninguém sabe. Parece que pelo menos três integrantes do Partido Socialista, um deles diante de um Hollande “petrificado”, disseram para a primeira-dama: “Não encha mais a paciência”. Nesses termos.
Por outro lado, faz tempo que Ségo irrita numerosos socialistas. Portanto, pode ser que o tweet da parceira de Hollande tenha sido encorajado e/ou aplaudido.
Após a derrota, Ségo tuitou a criticar o socialista dissidente. Veremos se ela ainda vai tuitar contra a parceira de seu ex-parceiro.
Quando a Hollande, ele poderia confortar Ségo. Mas como? Com uma tuitada? A primeira-dama poderia, mais uma vez, retaliar com outra tuitada explosiva.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.