Política

Ailton Barros, militar que discutiu golpe com Mauro Cid, tinha trânsito livre no Planalto, diz jornal

Agendas de Barros no Palácio do Planalto e anexos foram reveladas via Lei de Acesso à Informação pelo GSI

Ailton Barros, militar que discutiu golpe com Mauro Cid, tinha trânsito livre no Planalto, diz jornal
Ailton Barros, militar que discutiu golpe com Mauro Cid, tinha trânsito livre no Planalto, diz jornal
Foto: Reprodução
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O ex-major do Exército Ailton Barros, flagrado em mensagens golpistas com o tenente-coronel Mauro Cid, tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e seus anexos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação é do jornal O Globo desta quarta-feira 5.

A publicação mostra que o militar, preso desde maio pelo esquema de fraude nos cartões de vacinação, esteve no Planalto em gabinete ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao vice Hamilton Mourão. Foram, segundo documentos obtidos junto ao Gabinete de Segurança Institucional via Lei de Acesso à Informação, ao menos 26 agendas na gestão passada.

O militar, segundo o GSI, soma 15 dias em Brasília de 2019 a 2022. Em todas as ocasiões, cumpriu compromissos no entorno do ex-presidente – que insiste em dizer não ter proximidade com Barros, mesmo tendo chamado de ‘irmão’ e ‘zero dois’ durante as eleições.

Uma das visitas que mais chama a atenção, mostra o jornal, é ao setor de Ajudância de Ordens da Presidência da República. A ida ao local no dia 6 de janeiro de 2022 reforça que a indicação de que Mauro Cid articulou ‘tratamento VIP’ ao militar e proximidade com Bolsonaro. A articulação consta em mensagens apreendidas pela Polícia Federal e datam do mesmo período da visita revelada nesta quarta.

A lista publicada pelo jornal mostra também que o ex-major já esteve em setores ligadas à agenda, ao cerimonial, à logística e à assessoria de imprensa da vice-presidência. Ele também teria visitado o gabinete de Mourão.

Barros está preso desde maio por suspeita de integrar um esquema de falsificação de dados em cartões de vacinação. A fraude teria sido feita, entre outras motivações, para facilitar o trânsito de bolsonaristas em locais restritos a vacinados. Os cartões de Bolsonaro e sua filha Laura foram adulterados pelo grupo.

Após a prisão, mensagens em que Ailton descreve planos golpistas – semelhantes aos debatidos entre Cid e Jean Lawand – foram encontradas. Ele faz diversas cobranças a Cid para que o então presidente faça uma ruptura. Em outra frente de investigações, parte de Barros as mensagens sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, ele diz, a um interlocutor, saber tudo sobre o crime, inclusive o mandante.

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