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‘Gritos infundados’: como CEO ignorou alertas de segurança sobre o submersível Titan
Diálogos com um especialista na exploração em alto mar foram revelados pela BBC nesta sexta-feira 23
O CEO da OceanGate, Stockton Rush, ignorou reiteradamente alertas apresentados por um especialista na exploração em alto mar sobre o submersível Titan. Os diálogos foram obtidos e revelados pela BBC nesta sexta-feira 23.
Rush era um dos cinco tripulantes que morreram após o dispositivo sofrer o que autoridades apontam como uma “implosão catrastrófica” durante uma expedição até os destroços do Titanic.
Após uma recomendação do especialista Rob McCallum, em 2018, para interromper o uso do submersível até uma avaliação de um órgão independente, Rush disse estar “cansado de gente da indústria que tenta usar argumentos de segurança para impedir a inovação”.
“Em sua corrida para o Titanic, você está espelhando aquela famosa frase que disseram sobre o Titanic: que ele era ‘inafundável'”, afirmou McCallum.
Nas mensagens, Rush se mostrou frustrado com as críticas às condições de segurança.
“Ouvimos os gritos infundados de ‘você vai matar alguém’ com muita frequência”, escreveu o CEO. “Tomo isso como um sério insulto pessoal.”
Ao longo dos diálogos, o especialista disse apreciar o empreendedorismo, mas alertou que a OceanGate estava “potencialmente colocando todo um setor em risco”.
Segundo Rush, por outro lado, a “abordagem inovadora e focada em engenharia da OceanGate vai contra a ortodoxia de submersíveis, mas essa é a natureza da inovação”.
Ele também disse estar “bem qualificado para entender os riscos e problemas associados à exploração submarina em um novo veículo”.
Rob McCallum e mais de trinta outros especialistas assinaram em 2018 uma carta sobre eventuais problemas “catastróficos” ligados à abordagem da OceanGate. À BBC, ele afirmou que a indústria pressionava pela interrupção dos serviços por duas razões principais.
“Uma é que a fibra de carbono não é um material aceitável”, disse ele. “A outra é que este era o único submersível no mundo fazendo trabalho comercial sem passar por certificação. Ele não foi certificado por uma agência independente.”
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