Política
‘Se eu errei, vou pagar’, diz ex-diretor da PRF na CPMI do 8 de Janeiro
Em abril, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que os dados sobre as blitze da corporação durante o 2º turno representam uma ‘atipicidade’


O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques afirmou nesta terça-feira 20 que se dispõe a “pagar” por seus eventuais erros, mas alegou ter a consciência tranquila.
O bolsonarista prestou depoimento à CPMI do 8 de Janeiro ao longo de todo o dia. Ele entrou na mira da comissão sob a suspeita de utilizar a corporação para prejudicar o deslocamento de potenciais eleitores de Lula (PT) no dia do segundo turno da eleição de 2022.
“Se eu errei, eu vou pagar. Eu tenho certeza, tenho consciência tranquila. Não fiz nada errado”, disse Vasques na reta final da sessão. “Por isso respondi a tudo e volto quantas vezes for preciso. Estou aqui à disposição para fazer acareação com quem for necessário.”
Mais cedo, ele negou que a PRF tenha direcionado mais agentes para fiscalizar o Nordeste durante o segundo turno.
Em abril, porém, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), disse que os dados sobre as blitze realizadas pela PRF durante o segundo turno representam uma “atipicidade”.
“Especificamente no dia da eleição, temos 76 [operações] no Norte, 324 no Nordeste, 7 no Sudeste, 65 no Sul, e Centro-Oeste com 152”, afirmou Dino.
De acordo com um relatório enviado à Controladoria-Geral da República pela Justiça, há uma discrepância entre os números de fiscalizações feitas pela PRF entre 28 e 30 de outubro: o órgão inspecionou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula era favorito, contra 571 no Sudeste.
As operações foram promovidas enquanto Silvinei Vasques chefiava a PRF, a despeito da proibição imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
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