Cultura
Capricho da deusa Fortuna
A Internazionale foi nitidamente superior, mas nem sempre os melhores ganham


A despeito da incompreensível torcida da crônica esportiva brasileira, o Manchester City demostrou apenas a desmedida sorte de seu treinador Pep Guardiola no confronto contra a Internazionale de Milão. Em toda a partida, o quadro italiano foi superior e o gol marcado para assinalar a vitória inglesa somente serviu para provar que nem sempre os melhores ganham.
Enquanto o ataque milanês atingia o madeirame do gol inglês três vezes ao longo da contenda, sem contar dois gols perdidos quando seria mais fácil marcá-los, a defesa do clube italiano conseguiu anular o norueguês Erling Haaland, o goleador do Manchester City. Com a tarefa facilitada pela contusão do belga Kevin De Bruyne, habilidoso atleta do clube inglês que precisou ser substituído ainda no primeiro tempo, Nicolò Barella dominou o meio-campo, assumindo a condição de melhor jogador do embate.
O escore limitado foi atribuído pela torcida dos especialistas nativos ao arguto lance do jogador que se desloca para conseguir o tiro fatal do volante Rodri, companheiro mais bem situado. Até a pedra carioca da Gávea percebe que nada disso aconteceu. O chute de Bernardo Silva jamais alcançaria o gol. O jogador destinado a receber a bolada buscou evitar o choque e, por acaso, cedeu o passe que consagrou o resultado final.
O gol solitário sagrou o campeão da Champions League, mas foi fruto de um evidente lance de sorte, aleatório. Guardiola, ao terminar o jogo, ergueu os braços em direção ao céu. Tinha mesmo motivos para agradecer. •
Publicado na edição n° 1264 de CartaCapital, em 21 de junho de 2023.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Capricho da deusa Fortuna’
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.