Sociedade
Policiais armados agridem jornalista que investiga segurança pública no MS
Vítima diz que atividade profissional motivou agressões; Sindicato critica comando da PM e cobra punição


Um jornalista que investiga a área de segurança pública foi perseguido e agredido por policiais militares no município de Nova Andradina (MS). As agressões ocorreram neste sábado (3) em frente à casa do profissional e foram registradas por câmeras de segurança.
As imagens mostram o momento em que a vítima, Sandro Almeida de Araújo, 46 anos, estaciona seu carro. O jornalista é derrubado no chão e imobilizado por três homens. Ele ainda é enforcado e relata ter recebido socos. No vídeo, os filhos da vítima saem de casa e tentam ajudar o pai.
A secretaria estadual de Segurança Pública reconheceu que os agressores são policiais militares. Um deles estava de folga, outro de licença médica e o terceiro trabalha no batalhão ambiental. O jornalista diz que eles não se identificaram como policiais. As imagens mostram que eles não estavam fardados.
Araújo acredita que a ação foi motivada pela sua cobertura no setor de segurança pública. Conforme o boletim de ocorrência, os policiais revistaram o carro dele à procura de jogos de artifícios e faixas. Os objetos seriam usados para comemorar a transferência de um comandante da Polícia Militar (PM).
“Incabível no estado democrático de direito”, diz Sindicato
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados declarou repúdio ao crime. “Em um estado democrático de direito é incabível a agressão por parte de agentes do Estado contra qualquer cidadão, muito menos contra um jornalista em razão da sua profissão”, diz nota.
No comunicado, o Sindicato apontou que os militares estavam armados, alertou que as agressões foram motivadas pelo trabalho investigativo do profissional e criticou o comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
“O Sinjorgran espera que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, determinem a pronta investigação desse grave crime de tortura contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, punindo com o rigor da lei aqueles que deveriam usar a nobre profissão de agente da lei para proteger o cidadão e não para perseguir, agredir e torturar um jornalista em razão do seu trabalho constitucional de informar a sociedade”, escreveu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados.
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