Política
Acusado de xenofobia, Zema diz que foi ‘mal interpretado’ por declarações sobre Sul e Sudeste
Na sexta-feira, o governador de Minas disse que a ‘solução do Brasil’ estaria nos sete estados da região porque neles existem ‘mais trabalhadores do que dependentes de auxílio’


O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse ter sido ‘mal interpretado’ após declarar que estados do Sul e Sudeste seriam ‘a solução do Brasil’ por terem mais trabalhadores do que beneficiários de programas sociais. A afirmação foi feita nesta sexta-feira 2 em encontro do Consórcio Sul e Sudeste, em Belo Horizonte.
Neste sábado 3, porém, o político disse não ter escolhido bem as palavras e, por isso, teria sido ‘mal interpretado’. Ele foi, ao longo das últimas horas, acusado de xenofobia e preconceito de classe.
“Talvez por não utilizar as palavras adequadas, fui mal interpretado. As pessoas recebem o auxílio por não terem emprego. O auxílio é importante em momento de pandemia, recessão”, disse Zema sobre o ocorrido.
“[Quem ouvir novamente] Vai ver que aquilo que eu quis dizer, e se fui mal interpretado eu peço desculpa, é que nós, governadores do Sul e Sudeste, acreditamos, temos convicção, de que o melhor programa social é a geração de empregos”, alegou em seguida no segundo dia do evento.
Em seguida, em busca de minimizar suas declarações, o político passou a elogiar o Nordeste brasileiro: “Estamos hoje aqui, governadores do Sul e do Sudeste, nos espelhando nos governadores do Nordeste, que trabalham unidos. O Nordeste para nós, temos que lembrar aqui, está sendo um exemplo”.
Ao lado de Zema, durante a declaração preconceituosa estavam os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Jr. (Paraná), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Renato Casagrande (Espírito Santo) e Jorginho Melo (Santa Catarina). Nenhum deles repreendeu o aliado.
Relembre as declarações preconceituosas
No evento de sexta-feira, as exatas palavras usadas por Zema foram:
“[Estados do Sul e Sudeste] São estados onde, diferente da grande maioria [do País], há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial. Onde há setor produtivo muito mais dinâmico. Então, com toda certeza, boa parte da solução do Brasil passa por esses sete estados”
Em seu discurso, Zema ainda negou existirem “soluções milagrosas” para fazer os estados e as cidades funcionarem. Ele alegou que somente “o trabalho funciona”, sem detalhar o que isso significa.
“E muitos que não dão certo ficam reclamando que precisam de mais. Em vez de seguir os bons exemplos, ficam sempre pedindo mais recursos. É algo muito comum, tanto no privado, em que eu já trabalhei, quanto no público.”
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