Política
A postura do ‘substituto’ de Deltan na Câmara em relação ao governo Lula
‘A gente esperava entrar, mas não da forma que foi’, disse Pastor Itamar Paim a CartaCapital após a retotalização dos votos


Pastor Itamar Paim (PL-PR) assistiu à sessão do Tribunal Superior Eleitoral que cassou o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) em sua casa em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Na sequência, passou a receber ligações com os “parabéns” de correligionários.
A certeza de que seria o “substituto” do ex-procurador da Lava Jato na Câmara, porém, só veio na tarde desta quarta-feira 17, quando o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná divulgou a retotalização dos votos.
“Na verdade, a gente esperava entrar, mas não da forma que foi. Deixei minha solidariedade ao Dallagnol e a expectativa é poder representar esse eleitorado que acreditou na gente durante a campanha”, disse Paim a CartaCapital. “Já falei com alguns parlamentares do partido e estamos aguardando as orientações para assumir a cadeira.”
Segundo ele, sua postura na Câmara será de “total alinhamento” ao PL, partido comandado por Valdemar da Costa Neto, e terá como bandeiras “Deus, Pátria, família e liberdade religiosa” – um dos chavões utilizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Quando busquei o partido, foi por acreditar que seria o que traria segurança para nós dentro do que acreditamos”, argumentou.
Líder religioso na 59ª Igreja do Evangelho Quadrangular, Itamar Paim é natural de Paranaguá e tem 46 anos. Esta será a primeira vez que ele assumirá um cargo público. Nas eleições de 2022, recebeu 47.052 votos e declarou 300 mil reais em bens à Justiça Eleitoral.
Com a chegada do pastor à Câmara, a bancada do PL – que já era a maior da Casa – passa a contar com 100 representantes.
A cadeira de Deltan ficaria com Luiz Carlos Hauly (Podemos), o segundo mais votado do partido no Paraná. Segundo o TRE, porém, ele recebeu apenas 11.925 votos e não atingiu o quociente eleitoral.
O ex-procurador da Lava Jato teve o mandato cassado porque, segundo o ministro Benedito Gonçalves, tentou manobrar a Lei da Ficha Limpa para impedir que procedimentos administrativos de que era alvo no Conselho Nacional do Ministério Público resultassem em punições como aposentadoria compulsória ou a inelegibilidade.
“Quem pretensamente renuncia a um cargo para, de forma dissimulada, contornar vedação estabelecida em lei, que é a indisponibilidade de disputar a eleição, incorre em fraude à lei”, pontuou o relator, seguido por todos os colegas do TSE.
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