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‘Devolveria embaixada do Paraguai a Jerusalém’, propõe candidato governista à Presidência
Santiago Peña é líder nas pesquisas eleitorais do País. Os paraguaios devem ir às urnas neste domingo 30 de abril


Santiago Peña, um economista de 44 anos que tentará se eleger presidente do Paraguai no domingo (30) pelo Partido Colorado, promete manter as relações com Taiwan e propõe mudar novamente sua embaixada em Israel para Jerusalém.
O ministro da Economia durante o governo do direitista Horacio Cartes (2013-2018), considerado seu padrinho político, avalia que as sanções impostas ao ex-presidente pelos Estados Unidos por corrupção são um assunto pessoal que “não devem ser levadas a um plano institucional e muito menos nacional”.
A três dias da eleição, que se vislumbra como a mais acirrada dos últimos anos e na qual o centrista Efraín Alegre ameaça a hegemonia quase ininterrupta dos colorados desde os anos 1950, Penã declarou, em entrevista à AFP, que se sente “com muita tranquilidade, com muita paz” por ter “dado tudo o humanamente possível”.
– Pergunta: Caso ganhe e seja o próximo presidente do Paraguai, como pensa que transcorrerá a relação com os Estados Unidos, levando em conta as sanções contra Cartes? Qual a sua posição diante dessas acusações?
– Resposta: O governo americano tem uma lei e, segundo essa lei, a autoridade de decidir quem entra e quem não entra no seu país, e aplicar sanções para que não se utilize seu sistema financeiro. Nisso, nós temos que ser totalmente respeitosos e não deveria afetar a relação bilateral, que é muito mais profunda. Há séculos de relação entre Paraguai e Estados Unidos (…) Creio que isso não vai mudar. E as acusações, que são pessoais, não apenas afetaram o presidente Cartes, também afetaram o atual vice-presidente (Hugo Velázquez) e isso não significou uma mudança de relação entre os governos.
– P: O Paraguai é um dos poucos países que mantém relações com Taiwan. Pensa em mantê-las e por que?
– R: Há considerações históricas, um laço de amizade de mais de 60 anos, no qual Taiwan tem sido um grande aliado. Apoiou o Paraguai na formação de capital humano, em programas sociais com um grande impacto. Um laço de princípios e valores democráticos nos une.
O Paraguai está trilhando o caminho do desenvolvimento de uma economia eminentemente agropecuária em direção a uma economia mais avançada e de maior valor agregado, a uma industrialização. Nesse processo, ter um maior comércio com um gigante como a China provavelmente vai fazer que nosso mercado seja ainda mais primário do que é. O comércio com Taiwan pode nos levar ao desenvolvimento de uma base industrial muito mais potente, e isso vai permitir que Paraguai tenha mais músculo.
– P: Durante a presidência de Cartes, o Paraguai mudou sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, e depois o atual presidente Mario Abdo a devolveu para Tel Aviv. Você mudaria isso?
– R: Sim, voltaria para Jerusalém. Estou convencido de que há razões cristãs e também razões políticas. O Estado de Israel reconhece Jerusalém como sua capital. A sede do Congresso está em Jerusalém, o presidente está em Jerusalém. Então, quem somos nós para questionar onde eles estabelecem sua própria capital?
– P: Como vê o Paraguai dentro do Mercosul?
– R: Os avanços que temos vivido são insuficientes. Necessitamos aprofundar o processo de integração do Mercosul e depois, como bloco, nos integrarmos mais ao mundo. O acordo com a União Europeia é algo fundamental, deveria avançar. Já não visualizo um Paraguai fora do Mercosul. Para mim, essa não é uma opção. Quero ser um ator principal na integração do Mercosul e como bloco discutir em nível mundial como vamos nos integrar mais como região.
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