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Deltan tenta tirar acusações de Tacla Duran do STF e levá-las à Justiça de Curitiba
O deputado federal e ex-procurador alega que a Corte não teria a responsabilidade sobre o caso


A defesa do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) entrou em ação para tentar transferir à Justiça Federal de Curitiba as acusações do advogado Rodrigo Tacla Duran.
Em depoimento na semana passada ao juiz Eduardo Appio, responsável pelos processos remanescentes da Lava Jato, Duran afirmou ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da operação. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou o ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil, e Deltan, ex-procurador da República.
Como houve menção a parlamentares – figuras com prerrogativa de foro -, Appio decidiu encaminhar os autos ao ministro Ricardo Lewandowski, do STF. Na quarta 29, Lewandowski enviou à Procuradoria-Geral da República as acusações feitas pelo advogado. Agora, cabe ao procurador-geral Augusto Aras decidir se abrirá uma investigação sobre o suposto crime de extorsão.
Na peça enviada ao STF nesta segunda, porém, a defesa de Deltan alega que a Corte não teria a responsabilidade sobre o caso, uma vez que “o suposto ilícito que ele denunciou não ocorreu no exercício do mandato parlamentar do peticionário, mas sim enquanto ele exercia suas atividades de procurador da República”.
No final da semana passada, a Justiça Federal do Paraná concedeu proteção extra a Eduardo Appio. No pedido acolhido, o juiz escreveu que “as ameaças [após a oitiva de Duran] são consequência direta do poderio econômico, social (redes sociais) e político exercido por dois dos nominados na referida investigação que hoje tramita em sigilo junto ao Supremo Tribunal Federal”, em referência a Moro e Deltan.
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