Política

Big techs têm de ser responsáveis por todo conteúdo impulsionado ou monetizado, diz Moraes

‘Por que o que não pode ser feito no mundo real pode ser feito no mundo virtual?’, questionou o ministro do STF; propostas chegarão ao Congresso

Big techs têm de ser responsáveis por todo conteúdo impulsionado ou monetizado, diz Moraes
Big techs têm de ser responsáveis por todo conteúdo impulsionado ou monetizado, diz Moraes
Foto: AFP
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, detalhou nesta sexta-feira 31 uma sugestão a ser levada ao Congresso Nacional sobre a regulamentação das redes sociais. As propostas nasceram de um grupo de trabalho no Tribunal Superior Eleitoral, do qual Moraes é presidente, e devem chegar aos parlamentares em 17 ou 18 de abril.

O magistrado participou, nesta manhã, de um seminário sobre democracia e plataformas digitais na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Ele reforçou que o objetivo não é limitar a liberdade de expressão, mas rejeitar a “liberdade de agressão, que passou a ser comum por milícias digitais no mundo todo”. Também contestou o fato de grandes plataformas como Google e Facebook serem consideradas empresas de tecnologia, não de publicidade ou de mídia.

“A empresa que mais faturou em publicidade no mundo no ano passado foi a Google, mas ela não tem nenhuma responsabilidade como tem a mídia tradicional, como têm empresas de publicidade”, criticou. “Temos de chegar a mecanismos que respondam a uma única pergunta: por que o que não pode ser feito no mundo real pode ser feito no mundo virtual?”

Segundo Moraes, as big techs funcionam como “depósitos de textos e informações de terceiros”. Ele questionou o argumento de que essas empresas não podem ser responsabilizadas pelo conteúdo publicado por seus usuários.

“Elas dizem que não sabem o que vai ser colocado. A partir do momento em que elas têm ciência, em que elas impulsionam isso, em que os algoritmos indicam de forma principal uma ou outra notícia, a partir do momento em que ganham dinheiro em cima disso, elas têm responsabilidade”, pontuou. “Porque não estão mais de forma inconsciente servindo de depósito. Elas sabem e estão ganhando em cima.”

Assim, a ideia é tornar as big techs responsáveis por todo conteúdo impulsionado ou monetizado. Moraes ainda rejeitou a ideia de que elas não teriam culpa pela ação dos algoritmos.

“O algoritmo é de quem? Quem produz o algoritmo? O que tiver o papel de acionamento das big techs, elas imediatamente têm responsabilidade. Não podem dizer ‘eu não sei o que está sendo postado’. Ué, mas você está indicando e monetizando. É muito mais eficiente do que querer definir o que é fake news, de forma abstrata.”

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