Política

Bolsonaro admite chance de ficar inelegível e chama de arbitrariedade a possível prisão

A avaliação foi feita em reunião com empresários nos Estados Unidos durante evento em que fez longa defesa dos golpistas presos no dia 8 de janeiro

Bolsonaro admite chance de ficar inelegível e chama de arbitrariedade a possível prisão
Bolsonaro admite chance de ficar inelegível e chama de arbitrariedade a possível prisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: JOE RAEDLE/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que há grandes possibilidades de que ele seja condenado pelas mentiras contadas durante a reunião com embaixadores em Brasília e fique inelegível após julgamento do caso no Tribunal Superior Eleitoral. Na avaliação do ex-capitão, no entanto, uma possível prisão seria um exagero.

“O processo que vai ser julgado no TSE é pela reunião que fiz com embaixadores no ano passado. Foi o crime que eu cometi, sendo que a política externa é privativa minha e do respectivo embaixador nosso”, ironizou na terça-feira 14. “Mas, infelizmente, em alguns casos no Brasil você não precisa ter culpa para ser condenado. Então, existe a possibilidade de inelegibilidade, sim”.

Segundo defendeu Bolsonaro, ele ficará inelegível porque Lula (PT), na sua avaliação, não poderá continuar no poder por muito tempo. A tese é a de que a esquerda estaria, junto com o TSE, trabalhando para impedir que ele – que classificou a si mesmo como o único líder forte da direita – voltasse ao poder.

“A inelegibilidade é porque o cara que está lá…até pela idade dele…não vai ter uma longa vida na política, no meu entender. Sobra para um partido político que vocês sabem qual é o comando do País e não tem liderança nacional. Se tiver, falem, por favor…tem um bom governador em Minas e um bom governador em São Paulo e alguns bons pelo Brasil e no Senado, mas eles não têm vivência nacional”, destacou.

Já sobre ser preso, Bolsonaro disse não trabalhar com a possibilidade por não ter sobre ele qualquer acusação de corrupção ou irregularidade. A avaliação, vale mencionar, ignora escândalos como o das joias. “A prisão só se for uma arbitrariedade. Atos antidemocráticos…não participei de quebra quebra, só respeitei o pessoal em frente aos quarteis porque era direito deles se manifestar publicamente”, disse Bolsonaro.

A avaliação sobre os dois temas foi feita por Bolsonaro durante uma reunião com empresários brasileiros que têm negócios nos Estados Unidos. No evento, o ex-presidente fez uma longa defesa dos golpistas presos no dia 8 de janeiro.

“Quase 2 mil pessoas presas acusadas de terrorismo. Terroristas que não foram encontrados com um canivete sequer. Golpistas que não tinham articulado com tropa, não tinham comandantes. O objetivo ao meu entender é tentar sepultar a direita que mal nasceu no Brasil, então é intenção política”, disse. “Na nossa legislação, apesar de ser lamentável as cenas, aquilo não é ato terrorista, não se enquadra na lei como atos terroristas. Ali foi invasão, depredação, um montão de coisa”.

Sem apresentar provas, Bolsonaro insinuou que os atos terroristas em Brasília no dia 8 de janeiro teriam sido uma armação do governo Lula. “Todas as informações que temos é que o pessoal de dentro já estava esperando o pessoal chegar com tudo quebrado já”, afirmou em determinado momento.

No discurso, sustentou que a recusa do governo em apoiar a CPMI dos atos golpistas, inclusive, seria uma comprovação desta afirmação. “A gente torce muito para que saia essa CPMI que a esquerda não quer”, disse. “Eles não querem porque a verdade, realmente, é o que nós sabemos o que aconteceu”, disse antes de tornar a defender golpistas.

“Se eu tivesse no Brasil [poderia ser acusado]…mas eu vim para cá dia 30 de dezembro…eu entendo que se eu tivesse no Brasil eu iria ter problemas. Mas que golpe é esse? Quem é o golpista? Cada a tropa? Já que eles tomaram os Três Poderes, quem assumiu?”, ironizou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo