Política

Funai pede desculpas às famílias de Bruno e Dom e corrige nota difamatória publicada em 2022

Sob a gestão de Joenia Wapichana, a Fundação publicamente acusa o governo anterior de redigir uma nota com teor violento e difamatório contra as vítimas

Funai pede desculpas às famílias de Bruno e Dom e corrige nota difamatória publicada em 2022
Funai pede desculpas às famílias de Bruno e Dom e corrige nota difamatória publicada em 2022
Foto: Kenzo Tribouillard/AFP
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O site da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a Funai, publicou na terça-feira 28 uma correção para a nota publicada em 2022 sobre o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips, mortos violentamente pelo por pescadores ilegais possivelmente financiados pelo narcotráfico na região.

Sob a gestão de Joenia Wapichana, a Fundação publicamente acusa o governo anterior de redigir uma nota com teor violento e difamatório contra o indigenista, o jornalista britânico e principalmente contra a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, a Univaja. Em junho de 2022, a nota publicada e assinada por Marcelo Xavier, ex-presidente da Funai, chamou atenção pelo tom agressivo e pelo teor acusatório contra a organização indigenista da qual Bruno Pereira fazia parte.

Entre as mentiras citadas na nota, havia a afirmação de que Bruno e Dom não tinham autorização para entrar nas terras indígenas da região, assim como o não cumprimento de quarentena para adentrar tais terras. Dados da investigação comprovam que ambos não haviam adentrado tal território. A nota foi retirada do ar por determinação da Justiça Federal do Amazonas, que classificou o conteúdo como violador de direitos humanos, inoportuno e afirmou que as informações ali presentes não eram compatíveis com a realidade dos fatos.

Agora, a Funai afirma que os nomes de Bruno e Dom “foram insultados por autoridades públicas no momento mais difícil da vida de suas famílias” e que é dever do estado reconhecer a violência difamatória sofrida e que, além de se desculpar publicamente com os familiares, nunca mais deve permitir a repetição de atos dessa natureza. O texto também ressalta a necessidade de que a apuração dos crimes cometidos no Vale do Javari, inclusive em casos anteriores, sejam levadas até o fim.

A retratação foi publicada no portal oficial de notícias da Funai e também foi lida pela presidente da fundação, Joenia Wapichana, durante encontro com lideranças indígenas no Vale do Javari no dia 27. Estiveram presentes a ministra dos povos indígenas Sonia Guajajara, o presidente do Ibama Rodrigo Agostinho, a embaixadora do Reino Unido no Brasil Stephanie Al Qaq e as viúvas de Bruno e Dom, Beatriz Matos e Alessandra Sampaio.

O reconhecimento dos erros cometidos pela Fundação na gestão anterior representa um marco histórico para a Funai. A atitude foi parabenizada pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados de Recente Contato, a Opi, organização fundada pelo indigenista Bruno Pereira. Confira a nota na íntegra.

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