Economia

Petroleiros apoiam volta de tributos sobre combustíveis, mas pedem mudança em política da Petrobras

A tendência é de que a oneração seja mais pesada sobre combustíveis fósseis, como a gasolina, do que sobre biocombustíveis, a exemplo do etanol

Petroleiros apoiam volta de tributos sobre combustíveis, mas pedem mudança em política da Petrobras
Petroleiros apoiam volta de tributos sobre combustíveis, mas pedem mudança em política da Petrobras
Fernando Haddad e Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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A Federação Única dos Petroleiros afirmou nesta segunda-feira 27 apoiar a decisão do governo Lula de onerar, com alíquotas diferentes, a gasolina e o etanol. Argumentou, porém, que a base do problema dos preços de combustíveis está “na equivocada política de paridade de importação, adotada em 2016 pelo governo Temer e mantida por Bolsonaro”.

Os detalhes da tributação ainda serão divulgados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A tendência é de que a oneração seja mais pesada sobre combustíveis fósseis, como a gasolina, do que sobre biocombustíveis, a exemplo do etanol. Outra tentativa do governo é encontrar uma solução para penalizar menos o consumidor final.

“É crucial a necessidade de reformulação do PPI, conforme promessa de campanha do presidente Lula, e como tem defendido a FUP”, sustenta o coordenador-geral da Federação, Deyvid Bacelar. “Não faz sentido algum que o Brasil, autossuficiente na produção de petróleo, com dois terços dos custos de extração em reais e 85% dos combustíveis produzidos no País, adote o PPI, que usa vetores para formação de preços que não condizem com a realidade brasileira de baixíssimos custos de extração de óleo.”

O Ministério da Fazenda declarou nesta segunda que voltarão a ser cobrados impostos federais sobre a gasolina e o etanol. O objetivo é manter em 28,9 bilhões de reais a previsão de arrecadação com esses tributos em 2023.

Se o governo não editar uma nova medida, voltará em 1º de março a cobrança integral de PIS/Cofins sobre os combustíveis. Segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, o aumento esperado nos postos seria de cerca de 69 centavos por litro de gasolina e de 24 centavos no caso do etanol.

O fim dos subsídios aos combustíveis é um dos itens do plano apresentado por Haddad para reverter o déficit nas contas públicas em 2023, hoje previsto em 231,5 bilhões de reais. Em 2 de janeiro, logo após sua posse, ele afirmou que o governo “não aceitará” um rombo dessa magnitude.

A medida, no entanto, está longe de ser um consenso no governo e nas lideranças do PT, como indica a avaliação da presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann.

“Impostos não são e nunca foram os responsáveis pela explosão de preços da gasolina a que assistimos desde o golpe e no governo Bolsonaro/Guedes. Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, escreveu a deputada federal nas redes sociais na sexta-feira 24.

Não se descarta, também, que a Petrobras reduza nos próximos dias o preço da gasolina nas refinarias. Embora seja alvo de Lula, no entanto, a política de preços da companhia ainda não foi alterada. Atualmente, a estatal atrela o preço dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional e à variação do dólar.

“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o País”, avaliou Gleisi.

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