Economia

Decisão de Lula sobre impostos dos combustíveis sai nesta segunda, diz Haddad

A primeira reunião terminou sem definição. Um novo encontro ocorrerá nas próximas horas

Decisão de Lula sobre impostos dos combustíveis sai nesta segunda, diz Haddad
Decisão de Lula sobre impostos dos combustíveis sai nesta segunda, diz Haddad
Fernando Haddad e Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira 27 que haverá uma nova reunião, nas próximas horas, a fim de definir a retomada ou não da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o álcool.

Mais cedo, houve um encontro entre o presidente Lula (PT), Haddad, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Eles não chegaram, porém, a uma decisão.

“Foi boa a reunião. Nós vamos ter outra reunião no fim da tarde e assim que eu tiver uma confirmação da decisão do presidente, divulgo para vocês”, disse Haddad a jornalistas.

A equipe do Ministério de Minas e Energia também promoverá uma nova reunião, segundo o ministro da Fazenda. “Depois, nós vamos voltar ao presidente e assim que a gente tiver uma definição, a gente divulga”, completou. De acordo com a Haddad, a definição deve sair nas próximas horas.

Se o governo não editar uma nova medida, voltará em 1º de março a cobrança de PIS/Cofins sobre os combustíveis. Segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, o aumento esperado nos postos é de cerca de 69 centavos por litro de gasolina e de 24 centavos no caso do etanol.

O fim dos subsídios aos combustíveis é um dos itens do plano apresentado por Haddad para reverter o déficit nas contas públicas em 2023, hoje previsto em 231,5 bilhões de reais. Em 2 de janeiro, logo após sua posse, ele afirmou que o governo “não aceitará” um rombo dessa magnitude.

A medida, no entanto, está longe de ser um consenso no governo e nas lideranças do PT, como indica a avaliação da presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann.

“Impostos não são e nunca foram os responsáveis pela explosão de preços da gasolina a que assistimos desde o golpe e no governo Bolsonaro/Guedes. Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, escreveu a deputada federal nas redes sociais na sexta-feira 24.

O governo considera a possibilidade de chegar a um meio termo na disputa, optando por uma recomposição parcial dos impostos. A alternativa já foi discutida na sexta-feira 24 entre Casa Civil, Petrobras, Fazenda e Minas e Energia.

Por esse raciocínio, Lula poderia decidir onerar em um índice intermediário a gasolina. A incidência sobre o álcool teria, por sua vez, um percentual inferior, a fim de manter a competitividade do combustível.

Não se descarta, também, que a Petrobras reduza nos próximos dias o preço da gasolina nas refinarias. Embora seja alvo de Lula, no entanto, a política de preços da companhia ainda não foi alterada. Atualmente, a estatal atrela o preço dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional e à variação do dólar.

“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o País”, avaliou Gleisi na sexta-feira.

Embora represente uma arrecadação inferior, a reoneração parcial de PIS/Cofins sobre combustíveis é defendida por aliados de Lula sob a justificativa de que reduziria o custo político da decisão. A volta integral dos tributos, por outro lado, impactaria de forma mais significativa a inflação e poderia afetar a popularidade do governo.

A decisão a ser anunciada pelo governo indicará se Fernando Haddad e sua equipe prevalecerão.

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