Economia
Retomar impostos sobre combustíveis agora seria descumprir um compromisso de campanha, diz Gleisi
Antes de encerrar a desoneração, defende a presidenta do PT, seria necessário definir uma nova política de preços para a Petrobras


A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou nesta sexta-feira 24 a possível retomada de impostos federais sobre a gasolina e o etanol antes de uma mudança na política de preços da Petrobras.
Se o governo Lula não editar uma nova medida, voltará em 1º de março a cobrança de PIS/Cofins sobre os combustíveis – no caso da gasolina haveria, ainda, a incidência da Cide. Segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, o aumento esperado nos postos é de cerca de 69 centavos por litro de gasolina e de 24 centavos no caso do etanol.
O fim dos subsídios aos combustíveis é um dos itens do plano apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reverter o déficit nas contas públicas em 2023, hoje previsto em 231,5 bilhões de reais. Em 2 de janeiro, logo após sua posse, ele afirmou que o governo “não aceitará” um rombo dessa magnitude.
A medida, no entanto, não é consenso no governo e nas lideranças do PT, como indica a avaliação de Gleisi.
“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o País”, escreveu a presidenta petista nas redes sociais.
Ela declarou que a atual política de preços, a atrelar o preço dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional e à variação do dólar, “faz o povo pagar em dólares por gasolina e diesel que são produzidos no Brasil em reais”.
Gleisi Hoffmann pediu a criação de uma política “mais justa com a geração de caixa necessária para retomar e impulsionar os investimentos da Petrobras, fundamentais para o crescimento da economia, geração de empregos e de oportunidades”.
“Impostos não são e nunca foram os responsáveis pela explosão de preços da gasolina a que assistimos desde o golpe e no governo Bolsonaro/Guedes. Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, completou.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Os desafios do governo Lula na retomada dos trabalhos no Congresso
Por Alisson Matos
Foco de Lula será a prevenção de desastres como o do litoral de São Paulo, dizem ministros
Por CartaCapital
Lula faz novo pedido de criação de grupo para negociar paz entre Rússia e Ucrânia
Por Getulio Xavier