Política
Ibama inicia operação contra o garimpo no território Yanomami e destrói aeronaves
Governo mobilizou órgãos para apreender e desmontar a infraestrutura dos criminosos


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, informou nesta quarta-feira 8 que seus agentes iniciaram ações de fiscalização para proteger indígenas e combater o garimpo ilegal no território Yanomami, em Roraima. Os procedimentos começaram na segunda-feira 6.
Segundo a instituição, há uma parceria com profissionais da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Funai, e com a Força Nacional de Segurança Pública. Até o início da noite de terça-feira 7, haviam sido destruídos um helicóptero, um avião, um trator de esteira e estruturas de apoio logístico ao garimpo, disse o Ibama. Também foram apreendidas duas armas e três barcos com cerca de cinco mil litros de combustível.
De acordo com nota do governo, o Ibama e a Força Nacional instalaram uma base de controle no Rio Uraricoera para impedir o fluxo de suprimentos para os garimpos. O transporte de alimentos, freezers, geradores, antenas de internet, gasolina e diesel ocorria por meio de “voadeiras” de 12 metros.
Haverá ainda instalação de bases de controle em outras áreas da terra indígena, com estrutura logística fornecida pela Funai. Agentes do Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama promovem ações aéreas com monitoramento de pistas de pouso clandestinas na região. Os sobrevoos identificam e destroem a infraestrutura do garimpo, como um trator que era usado para abrir “ramais” na floresta”.
Por fim, o Ibama comunicou a investigação sobre distribuidoras e revendedoras responsáveis pelo comércio irregular do combustível de aviação que abastece o garimpo, para inviabilizar linhas de suprimento e rotas de escoamento da produção ilegal.
“O avanço do garimpo, estimulado pelo último governo, resultou em uma crise humanitária na terra indígena. A Polícia Federal investiga o crime de genocídio contra os Yanomamis”, salienta nota do Ibama.
Em 13 e 16 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu superintendentes do Ibama em 21 estados. Eles haviam atuado durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Uma das mudanças ocorreu na superintendência de Roraima, com a demissão de Valter Dias Patricio e a substituição por Diego Milleo Bueno.
O governo também retirou o presidente do Ibama e nomeou o deputado federal Rodrigo Agostinho, do PSB de São Paulo, para o cargo. Agostinho era coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista no Congresso.
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