Mundo
Alta Corte Constitucional do Egito anuncia greve
Órgão foi impedido de examinar composição de comissão, dominada por islâmicos, que redigiu polêmica Constituição


A Alta Corte Constitucional do Egito anunciou neste domingo 2 que está em greve por tempo indeterminado. O órgão protesta contra a manifestação de partidários do presidente Mohamed Mursi, que impediu os juízes de examinar a polêmica sobre a composição da Comissão Constituinte, dominada por islamitas.
Em um comunicado divulgado pela agência de notícias Mena, a Corte anunciou a suspensão de suas audiências enquanto existirem “pressões psicológicas ou materiais” sobre os juízes.
Antes do anúncio, o órgão havia postergado a audiência na qual examinaria no domingo a legalidade da comissão que redigiu um polêmico projeto de Constituição.
Segundo a agência de notícias AFP, um advogado disse a jornalistas diante da Corte que a audiência havia sido postergada porque na quinta-feira os juízes não conseguiriam chegar à sede devido às manifestações.
O projeto de Constituição, que deve ser submetido a um referendo no dia 15 de dezembro, foi adotado rapidamente entre a quinta e sexta-feira pela polêmica comissão, boicoteada pela oposição de esquerda e por representantes das igrejas cristãs.
“A nação se constrói com todos nós. A democracia é a participação. Convido todos os cidadãos a examinar com precisão e objetividade este projeto”, afirmou Mursi na noite de sábado 1 após receber o projeto e anunciar o referendo.
A Comissão Constituinte egípcia, dominada pelos islamitas, havia iniciado na quinta-feira a votação de um projeto da lei fundamental, mantendo a referência aos “princípios” da sharia, que já existia já no governo de Hosni Mubarak.
Esta votação de um projeto estagnado há semanas em razão de profundas divergências entre islamitas e não-islamitas, foi anunciada na quarta-feira, para a surpresa geral, no momento em que o país atravessa uma grave crise política.
No artigo 2 do projeto, está previsto que os “princípios da sharia” constituem a “principal fonte da legislação”, uma formulação bem consensual no Egito e que significa que a lei islâmica não é a única fonte da legislação. Os fundamentalistas salafistas desejavam referências à sharia mais restritivas.
Em contrapartida, muitos liberais, assim como a Igreja Ortodoxa Copta, que representa de 6 a 10% da população, tinham indicado que não iriam além do texto da Constituição anterior.
No entanto, outras disposições que ainda não foram votadas, muito criticadas nos círculos liberais e cristãos, poderiam ajudar a ampliar os domínios de aplicação da sharia.
Algumas disposições sobre a liberdade de expressão também causaram preocupação entre os meios de comunicação e defensores dos direitos civis.
“Mursi submete a referendo um projeto de Constituição que mina as liberdades fundamentais e viola os valores universais. A luta continua”, afirmou no sábado o opositor Mohamed ElBaradei em sua conta de Twitter.
Com informaões AFP.
Leia mais em AFP Movel.
A Alta Corte Constitucional do Egito anunciou neste domingo 2 que está em greve por tempo indeterminado. O órgão protesta contra a manifestação de partidários do presidente Mohamed Mursi, que impediu os juízes de examinar a polêmica sobre a composição da Comissão Constituinte, dominada por islamitas.
Em um comunicado divulgado pela agência de notícias Mena, a Corte anunciou a suspensão de suas audiências enquanto existirem “pressões psicológicas ou materiais” sobre os juízes.
Antes do anúncio, o órgão havia postergado a audiência na qual examinaria no domingo a legalidade da comissão que redigiu um polêmico projeto de Constituição.
Segundo a agência de notícias AFP, um advogado disse a jornalistas diante da Corte que a audiência havia sido postergada porque na quinta-feira os juízes não conseguiriam chegar à sede devido às manifestações.
O projeto de Constituição, que deve ser submetido a um referendo no dia 15 de dezembro, foi adotado rapidamente entre a quinta e sexta-feira pela polêmica comissão, boicoteada pela oposição de esquerda e por representantes das igrejas cristãs.
“A nação se constrói com todos nós. A democracia é a participação. Convido todos os cidadãos a examinar com precisão e objetividade este projeto”, afirmou Mursi na noite de sábado 1 após receber o projeto e anunciar o referendo.
A Comissão Constituinte egípcia, dominada pelos islamitas, havia iniciado na quinta-feira a votação de um projeto da lei fundamental, mantendo a referência aos “princípios” da sharia, que já existia já no governo de Hosni Mubarak.
Esta votação de um projeto estagnado há semanas em razão de profundas divergências entre islamitas e não-islamitas, foi anunciada na quarta-feira, para a surpresa geral, no momento em que o país atravessa uma grave crise política.
No artigo 2 do projeto, está previsto que os “princípios da sharia” constituem a “principal fonte da legislação”, uma formulação bem consensual no Egito e que significa que a lei islâmica não é a única fonte da legislação. Os fundamentalistas salafistas desejavam referências à sharia mais restritivas.
Em contrapartida, muitos liberais, assim como a Igreja Ortodoxa Copta, que representa de 6 a 10% da população, tinham indicado que não iriam além do texto da Constituição anterior.
No entanto, outras disposições que ainda não foram votadas, muito criticadas nos círculos liberais e cristãos, poderiam ajudar a ampliar os domínios de aplicação da sharia.
Algumas disposições sobre a liberdade de expressão também causaram preocupação entre os meios de comunicação e defensores dos direitos civis.
“Mursi submete a referendo um projeto de Constituição que mina as liberdades fundamentais e viola os valores universais. A luta continua”, afirmou no sábado o opositor Mohamed ElBaradei em sua conta de Twitter.
Com informaões AFP.
Leia mais em AFP Movel.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.