Sociedade
Conselho de Ética do COB suspende Wallace depois de post sobre tiros em Lula
O caso surgiu a partir de uma publicação do atleta bolsonarista em um clube de tiro


O Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro suspendeu o jogador de vôlei Wallace de todas as atividades até que sejam finalizadas as apurações sobre a sua conduta.
No início da semana, o apoiador de Jair Bolsonaro (PL) postou fotos em um clube de tiro e abriu um espaço para seguidores enviarem perguntas. Um deles questionou se o jogador dispararia contra o presidente Lula (PT). Como resposta, ele inaugurou uma enquete para saber se algum de seus fãs tomaria essa atitude. Após a repercussão, apagou a publicação e fez um pedido de desculpas, alegando que não tinha a intenção de incitar violência.
Na decisão do COB, o conselheiro Ney Bello destaca que “a liberdade de expressão de atletas, dirigentes e corpo técnico não difere muito daquela atribuível a qualquer cidadão e, portanto, não se confunde com ofensas, ameaças, violência ou inconformidade com as instituições do Estado Democrático de Direito”.
Acrescenta que minimizar atos dessa natureza implicaria em “omissão impiedosa”, além de sinalizar “equivocadamente no sentido da normalização do absurdo, permitindo que atos se repitam e que o caos se instaure”.
O Conselho estabelece ainda um prazo de um prazo de cinco dias, a partir do recebimento do despacho, para que o atleta apresente sua defesa.
Em representações encaminhadas ao COB e à Confederação Brasileira de Voleibol, a Advocacia-Geral da União criticou a conduta do jogador e pediu punição.
A AGU destaca que Wallace “não é só um mau exemplo, é um mau atleta, que deve ser repreendido por toda a comunidade esportiva”. Afirma também que a atitude do jogador configura incitação ao crime e “não está albergada pela liberdade de expressão, pois ninguém é autorizado a cometer crime invocando essa liberdade fundamental”.
“A conduta do atleta ora representado é ainda mais abjeta, pois os atletas, por sua exposição pública, conformam e reproduzem atitudes dos seus admiradores, no mais das vezes crianças e adolescentes que desejam praticar atividades esportivas e realizar o sonho de se tonar um atleta de renome”, sustenta a Advocacia-Geral.
O pedido é para que o atleta seja submetido a uma “punição exemplar” e que seja instaurado um processo administrativo, além de “multa e banimento do esporte olímpico”.
As peças levam as assinaturas do diretor substituto do Departamento de Assuntos Extrajudiciais da AGU, Rogério Telles Correia das Neves, e do consultor-geral da União, André Augusto Dantas Motta Amaral.
O pedido contra o atleta foi encaminhado à AGU pela ministra do Esporte, Ana Moser, e pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta.
O jogador já havia sido afastado por tempo indeterminado do Sada Cruzeiro, time do qual fazia parte.
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