Sociedade
Morre a jornalista Glória Maria
Glória fazia tratamento contra um câncer diagnosticado em 2019


Faleceu nesta quinta-feira 2, a jornalista Glória Maria. Ela estava afastada do jornalismo da TV Globo desde agosto do ano passado, para realizar o tratamento de um câncer diagnosticado em 2019.
“Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais”, afirmou a emissora, em nota.
Glória Maria foi uma das maiores repórteres da história do jornalismo brasileiro. Carioca, ela começou na Globo em 1971 e foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. Integrou a equipe do Fantástico a partir de 1986 e foi apresentadora do programa entre 1998 e 2007. Desde 2010, Glória Maria integrava a equipe do Globo Repórter.
“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, informou a nota da Rede Globo.
Glória Maria era filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta. Ela estudou em escolas públicas e, durante os seus estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, conciliava os estudos com o emprego de telefonista.
Sua estreia como repórter aconteceu na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Ao longo das últimas décadas, Glória Maria ficou conhecida pelos seus trabalhos de cobertura em diversos eventos no mundo, a exemplo da Guerra das Malvinas, entre Argentina e Inglaterra, e a posse de Jimmy Carter como presidente dos Estados Unidos. Glória Maria cobriu, também, dois importantes eventos esportivos: as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e a Copa do Mundo da França, em 1998. No período militar, ela entrevistou o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
Enquanto trabalhava no Fantástico, Glória Maria ficou amplamente conhecida por matérias especiais realizadas em lugares diferentes do mundo. Segundo a Rede Globo, a jornalista viajou para mais de 100 países.
Em 2007, Glória Maria realizou a primeira transmissão em Alta Definição na televisão brasileira, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues. Na ocasião, ela apresentou uma reportagem sobre a festa do pequi, uma fruta adorada pelos índios Camaiurás, no Alto Xingu.
Conhecida pelo seu pioneirismo, Glória Maria já revelou ter sofrido diversos episódios de racismo, como sucessivas ofensas promovidas pelo ex-presidente Figueiredo.
A reconhecida qualidade da repórter e apresentadora lhe possibilitou ter sido uma das poucas jornalistas a participar de todos os telejornais da Rede Globo.
Glória Maria deixa duas filhas, Laura e Maria. Ainda não há informações sobre o sepultamento.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.