CartaExpressa
Bolsonaro pagou cercadinho com cartão corporativo
Dinheiro público foi usado na montagem das estruturas que abrigavam os apoiadores do ex-presidente em agendas não oficiais


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou dinheiro público via cartão corporativo para pagar as estruturas que abrigavam seus apoiadores – os chamados cercadinhos. Eventos incluem agendas não oficiais, inclusive durante as férias do ex-capitão em Santa Catarina. A informação foi revelada pelo site UOL nesta quinta-feira 26.
Ao todo, conforme mostra a reportagem, mais de 44 mil reais para custear nove cercadinhos em diferentes cidades. As estruturas eram usadas para que Bolsonaro cumprimentasse e tirasse fotos com eleitores. Em ao menos quatro ocasiões as estruturas sequer ficavam próximas de agendas oficiais do ex-presidente. Quase sempre, mostram as notas, os cercadinhos eram instalados nos aeroportos em que Bolsonaro desembarcava e serviam unicamente para um corpo a corpo com eleitores.
Ainda de acordo com o site, a maior parte das notas fiscais datam de fevereiro de 2021, mês em que o País era assolado por milhares de mortes diárias por Covid-19. No auge da pandemia, Bolsonaro seguiu, portanto, incentivando e promovendo a aglomeração de apoiadores.
Naquele mês, vale ainda dizer, Bolsonaro passou férias em Santa Catarina, fato que não impediu que usasse o cartão corporativo para bancar um cercadinho onde encontrou eleitores. Naquela ocasião – entre os dias 12 e 17 de fevereiro – foram gastos mais de 12 mil reais com um gradil instalado em frente ao Forte Marechal, em São Francisco do Sul, local que recebeu o ex-capitão durante as férias. Nesta mesma viagem, relembra a reportagem, Bolsonaro foi flagrado andando de jet ski e carros esportivos.
Os valores identificados nesta quinta-feira, importante lembrar, podem ser ainda maiores, uma vez que apenas 20% das notas fiscais do cartão corporativo do ex-capitão foram reveladas até o momento. O restante ainda precisa ser digitalizado, segundo esclarece a agência Fiquem Sabendo, que obteve os documentos via Lei de Acesso à Informação.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Procurador pede que TCU apure se há crime no uso do cartão corporativo por Bolsonaro
Por CartaCapital
Cartão corporativo bancou ‘home office’ de Carlos Bolsonaro
Por CartaCapital
Viagens de Michelle, Carlos e Jair Renan foram pagas com cartão corporativo
Por Getulio Xavier
Picanha, leite condensado e Rivotril: a rotina de Bolsonaro pelos gastos com cartão corporativo
Por Agência O Globo